Uma babá bem qualificada foi motivo de desespero para a mãe
de duas crianças em Belo Horizonte. Letícia Diz Ramos Queiroz Leoni, de 43
anos, bacharel em direito, bilíngue, cordial e moradora do Bairro São Pedro, na
Região Centro-Sul da capital. Esse é o perfil que chamou atenção da empresária
Patrícia ao escolher quem cuidaria de seus filhos aos finais de semana. No
entanto, a história acabou no desespero da mãe. A babá foi presa, nessa
quarta-feira, suspeita de tentativa de homicídio de uma menina de três anos.
A família que contratou a babá mora no Bairro Bandeirantes,
na Região da Pampulha. A mulher cuidava de duas crianças, uma de 2 anos e outra
de 3, aos sábados e domingos. A mãe já havia percebido que elas ficavam
sonolentas e indispostas quando estavam com a cuidadora. Na primeira semana de
janeiro, um de seus filhos estava passando mal, foi quando a empresária flagrou
a mulher colocando medicamento no suco do outro filho. Ela disse que seria um
fitoterápico para acalmar a criança. No entanto, a mãe afirma que era
Clonazepan, também conhecido como Rivotril. Nesse momento, a babá teria ficado
nervosa e fugiu da casa.
Como a filha de três anos já estava se sentindo mal, a
família, então, acionou o Samu. Ela foi levada para o Hospital Mater Dei, onde
a menina ficou internada por dois dias. Segundo as investigações, os médicos
afirmaram que, se a criança não tivesse chegado a tempo, ela poderia ter
morrido. Assim que a menina teve alta do hospital, a mãe procurou a polícia
para denunciar o caso.
A suspeita foi presa na quarta-feira em cumprimento de
mandado de prisão temporária. Em mandado de busca e apreensão na casa da babá,
foram encontrados diversos medicamentos tarja preta, de uso controlado, que ela
afirmou que seria para uso pessoal. As investigações ainda estão em curso na
Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. Em depoimento,
Letícia negou as acusações e explicou ter colocado o fitoterápico no vidro de
remédio. Entretanto, segundo a polícia, relatórios do atendimento médico comprovaram
a intoxicação da criança por Clonazepan.
Letícia tem passagem policial por furtos em supermercados e
lojas. Ela foi contratada em uma plataforma online gratuita que não faz análise
dos profissionais. “Solicitamos ao aplicativo que intermediou a contratação
todos os possíveis contratos que a investigada possa ter feito com outras
famílias, e vamos verificar se outras crianças que estiveram sob os cuidados
dela não foram intoxicadas também”, disse a delegada Renata Ribeiro. “Por isso
a importância de divulgar o nome e imagem dessa suspeita, já que podem existir
outras vítimas", acrescentou. Ainda segundo a delegada, a plataforma não
deve ser responsabilizada pois apenas colocava em contato pais e profissionais.
“É diferente de uma agência de babás”, exemplifica.
A delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, também alerta
para contratações de profissionais. “Precisamos estar atentos às pessoas que
colocamos dentro das nossas casas; é preciso checar as referências, pedir
atestado de antecedentes criminais, todo o cuidado ao contratar pessoas para
cuidar de crianças”, orienta. Em depoimento, a mulher alegou que só trabalhou
de babá para esta família. Já a mãe das crianças disse que ela contava que
também trabalhava com outras. A empresária acredita que os dois filhos eram
dopados, por isto, eles estão passando por acompanhamento médico para saber se
o organismo sofreu maiores consequências – Estado de minas.
Carlos Magno
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