Formado em sociologia pela UnB, o deputado distrital Leandro
Grass, de 34 anos, passou de político desconhecido a assunto nacional. Ele
protocolou na terça, 17, um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro
(sem partido). O efeito foi imediato. Grass recebeu mais de 15 000 ataques em
redes sociais, ainda não falou sobre o assunto com Rodrigo Maia e avalia que
terá adesão da sociedade e do mercado.
Por que o senhor
decidiu protocolar o impeachment de Jair Bolsonaro?
Era algo que vinha sendo discutido há tempos dentro do
partido, a Rede, mas que se fez necessário principalmente após o episódio de
domingo, 15. O presidente Jair Bolsonaro convocou uma manifestação contra o
Congresso e o STF e, além desse ato não ter amparo em lei, ele próprio foi à
manifestação sabendo da pandemia do coronavírus. Eu informei sobre minha
decisão ao partido, que comunicou os diretórios estaduais.
O senhor chegou a
falar com o Rodrigo Maia sobre o pedido?
Não. Ontem, mandei mensagem e liguei, mas ele não retornou.
A agenda dele nesses dias está atribulada. Espero em breve conversar com ele. O
meu desejo é que o impeachment aconteça o mais breve possível, que o Maia acate
e coloque os trâmites em andamento.
O Brasil passou por
um impeachment há pouco tempo. O país aguentaria mais um processo desses?
Eu não apoiei o governo de Dilma Rousseff, mas tampouco
aderi ao impeachment. O argumento da pedalada fiscal não se sustenta. Esse
mesmo recurso havia sido usado por outros políticos. De todo modo, um argumento
da época era que a saída de Dilma seria alavancaria a economia. Não foi
verdade. Não vimos as reformas serem feitas, estamos em colapso neste exato
momento. O governo Jair Bolsonaro não apoia as reformas, sobretudo a
tributária. Sabe que ela atacaria as classes mais ricas, que neste momento
foram a sua base de apoio.
O impeachment encontraria
apoio da sociedade?
A sociedade não aguenta um presidente que viola regras
básicas. Sabemos com o processo de impeachment é um ato político também, mas
vejo o mercado bem insatisfeito com Bolsonaro. O câmbio está alto, a economia
está ruim e agora o coronavírus deve agravar ainda mais as coisas. O Brasil não
pode esperar nada de um governante que desacredita nas instituições e afronta a
democracia. Há alguns ministros bons trabalhando, como o Luiz Henrique Mandetta
(Saúde) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). Mas daí o presidente vem
e boicota o Mandetta justamente durante a crise do coronavírus.
O senhor tem sido
atacado após ter protocolado o impeachment?
Existe um exército de apoiadores que atacam com virulência.
Recebi cerca de 15.000 mensagens de ataques, algumas falando para eu não sair
na rua e ameaçando minha integridade física, após o deputado Eduardo Bolsonaro
postar sobre o pedido do Twitter dele. Estou selecionando as ameaças e farei um
boletim de ocorrência.
A Marina Silva,
principal nome da Rede, apoiou o seu pedido?
Eu ainda não falei com ela, mas a Marina tem sido
contundente nas críticas ao Governo Federal sobretudo na questão dos desmandos
das políticas ambientais. Não concordo com quem diz que ela fica alheia. A
Marina tem sido muito participativa da vida pública – Veja.
Carlos Magno
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