A morte de uma menina de 21 anos no Reino Unido, sem doenças
pré-existentes, voltou a acender o alerta de que jovens não estão imunes a
covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Chloe Middleton morreu na semana passada, mas a notícia só
foi divulgada nesta quarta-feira, 25 de março.
Em uma publicação no Facebook, sua tia, Emily Mistry, disse
que Middleton "faleceu no Covid-19" e pediu que outras pessoas
"façam sua parte" para impedir a propagação da doença.
Segundo dados do governo britânico, a maioria dos pacientes
que morreram com coronavírus tinha condições médicas pré-existentes.
Autoridades de saúde demonstram preocupação de que os jovens
ignorem os avisos sobre a propagação do vírus, uma vez que acreditam que a
doença apenas acomete idosos.
Mas em uma série de postagens no Facebook, a família de
Middleton pediu ao público que seguisse as recomendações para "ficar em
casa" e levasse o vírus "a sério".
'De coração partido'
Sua mãe, Diane Middleton, escreveu: "Por favor, pense
novamente".
"Falando de uma experiência pessoal, esse vírus tirou a
vida da minha filha de 21 anos."
Mistry acrescentou: "Minha linda sobrinha de 21 anos
faleceu de Covid-19".
"Ela não tinha doenças pré-existentes."
Mistry disse que a família ficou "arrasada além da conta".
"A realidade deste vírus está apenas se desenrolando
diante de nossos olhos", acrescentou. "Por favor, sigam as diretrizes
do governo".
"Faça a sua parte. Proteja-se e proteja os outros. O
vírus não está se espalhando, as pessoas estão espalhando o vírus."
Os jovens devem se
preocupar com o coronavírus?
A irmã de Middleton, Amy Louise, acrescentou que já era
"hora de as pessoas levarem isso a sério, antes que muitas outras terminem
na mesma situação devastadora".
Na semana passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, fez um duro alerta aos jovens.
"Tenho uma mensagem para os mais jovens: vocês não são
invencíveis; o vírus pode colocá-los no hospital por semanas ou até matá-los.
Mesmo se vocês não ficarem doentes, as escolhas que vocês fazem sobre aonde vão
podem significar a diferença entre a vida e a morte para outra pessoa",
disse ele.
Idosos e pessoas com doenças pré-existentes, como diabetes,
pressão alta ou problemas cardíacos ou respiratórios, estão mais propensos a
morrer se contraírem coronavírus.
Mas, apesar de o risco de morte por covid-19 entre aqueles
abaixo de 50 anos, especialmente os mais jovens, de até 30 anos, ser
extremamente raro, isso não quer dizer que eles estão livres de apresentar os
sintomas mais graves da doença, ainda que, de fato, a probabilidade disso
acontecer nessa faixa etária seja pequena.
Em entrevista recente à BBC News Brasil, Willem van Schaik,
professor do Instituto de Microbiologia e Infecção da Universidade de
Birmingham, no Reino Unido, disse "ser muito errado pensar que aqueles
abaixo de 50 anos sempre vão ter sintomas leves: haverá indivíduos mais jovens
e muito doentes também e eles vão precisar de tratamento".
Uma das razões para a baixa mortalidade entre os mais jovens
é que seu sistema imunológico é mais forte, o que ajuda a combater o vírus e a
recuperar-se da doença.
"Nos idosos, o sistema imunológico já envelheceu e não
produz o mesmo nível de resposta, por isso, eles têm mais risco de desenvolver
os sintomas mais graves", disse à BBC News Brasil infectologista Alberto
Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e
diretor-médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de
Janeiro, também em entrevista recente.
Nos Estados Unidos, um relatório divulgado na quarta-feira
passada (18 de março) pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na
sigla em inglês) mostrou que, dos 508 pacientes hospitalizados no país por
covid-19, cerca de 40% tinham abaixo de 54 anos. Desse total, 20% tinham entre
20 e 44 anos e 18%, entre 45 e 54 anos.
Contudo, adultos acima de 65 anos eram a maioria dos mortos
(80%). Menos de 1% dos óbitos era de pacientes entre 20 e 54 anos, e não houve
mortes entre aqueles abaixo de 19 anos, acrescentou o órgão.
No Brasil, já são cerca de 2,4 mil infectados e 57 mortos, a
maioria com mais de 60 anos – BBC.
Carlos Magno
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