O Senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) lamentou, neste
domingo (26) que as posturas do presidente Jair Bolsonaro tenham deixado o Brasil
fora da Aliança Global criada pela Organização Mundial da Saúde – OMS para
acelerar a produção e distribuição de tratamentos para lidar com a pandemia do
coronavírus e garantir a chegada de uma vacina ao mercado em tempo recorde, com
um fundo de R$ 45 bilhões.
A ausência do Brasil foi motivada pelas posturas do
presidente Bolsonaro em relação ao coronavírus, sendo contrário a orientações
das autoridades de saúde de todo o planeta sobre prevenção e cuidados da
população, inclusive na adoção do distanciamento social. Nos últimos dias,
Bolsonaro não apenas tem emitido opiniões contrárias ao que prega a OMS e os órgãos
de saúde, mas tem saído às ruas e mantido contato direto com as pessoas, sem
qualquer precaução ou uso de equipamentos de proteção.
Veneziano lembrou que, historicamente, o Brasil sempre
liderou os temas e os debates relacionados ao acesso a medicamentos e
tratamentos inovadores, apoiando a ciência e as pesquisas. “Porém, no atual
governo, o que se vê é um completo desmantelamento da pesquisa no Brasil, com
corte de verbas e, mais que isso, o próprio presidente manifestando-se contra o
que pregam a OMS e os órgãos de saúde do mundo inteiro”.
Brasil não reconhece a
OMS – Presidentes e lideranças de vários países, dos cinco continentes,
participaram da reunião ocorrida sexta-feira (24) para a criação da aliança. “O
Brasil não foi convidado devido às posturas do presidente; e a presidência da
República sequer sabia do encontro, num claro sinal da irrelevância que a
diplomacia brasileira conquistou neste governo”, disse Veneziano. O papel
central da OMS na resposta contra a pandemia é reconhecido por 179, dos 193
países da ONU. O Brasil se recusou a reconhecer a OMS e integra o bloco da
minoria.
O evento firmou um compromisso de que qualquer tratamento ou
vacina que seja criada será alvo de um esforço internacional para que seja
disponibilizada a todos os países, evitando erros do passado – como no caso da
AIDS, citado durante o encontro. Um fundo de US$ 8 bilhões foi lançado para
financiar a produção e distribuição de remédios, o fortalecimento dos sistemas
públicos e toda a resposta contra a doença.
Alerta – Veneziano
levará o tema para a sessão remota do Senado desta segunda-feira (27), quando fará
um alerta para a pouca importância que o presidente tem dado ao debate
internacional sobre o coronavírus e os prejuízos que o país acarreta com esta postura,
ao rejeitar qualquer tipo de diálogo para uma resposta global à pandemia.
“É lamentável que o Brasil, por força dos comportamentos
adotados pela Presidência, não tenha sido convidado a fazer parte desta importante
aliança. O pior é que o maior prejudicado é o povo, que tem feito a sua parte,
tomando os devidos cuidados, mas ficando à mercê de posicionamentos
irresponsáveis de quem dá demonstrações de estar pouco ou nada preocupado com o
debate global”, alertou o senador.
“Política de lado” – Durante
o mega evento internacional, Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, pediu
que tratamento e vacinas cheguem a todos os lados e indicou que combater o
vírus “vai exigir maior investimento da história” na saúde. “Estamos combatendo
a luta de nossas vidas”, declarou o português, pedindo que, neste momento, a política
seja colocada de lado.
Veneziano lembrou que o tema de acesso a remédios foi
tradicionalmente uma bandeira de diferentes governos brasileiros. No início do
século, aliado ao governo francês, o Brasil estabeleceu um mecanismo para
permitir acesso a remédios aos mais pobres, a Unitaid. Desta vez, porém, Paris
assume a bandeira sem a presença de governo brasileiro. “O que é lamentável e
mostra o descaso deste governo com um tema tão importante neste momento que
estamos enfrenando”, disse o parlamentar – Assessoria.
Carlos Magno
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