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15/05/2020

Quase metade dos candidatos do Enem não tem computador em casa para acompanhar aulas online; mais pobres são os mais prejudicados


Sem o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os estudantes mais pobres temem não estar preparados para as provas. Um estudo exibido no Jornal Nacional desta quarta-feira (13) revela que mais de 2,3 milhões candidatos não têm computador em casa – quase a metade dos inscritos.

 

A pesquisa, realizada pela Casa Fluminense – organização que estuda a vida urbana nas periferias –, também apontou que a maioria dos estudantes frequenta escolas públicas e vive em estados do Norte e do Nordeste do país.

 

Por não ter como acessar a internet, grande parte deles teme não conseguir uma vaga em universidades públicas. O levantamento também identificou que a maioria dos alunos sem acesso a computadores é do Maranhão.



 

"A gente tem um cenário de alunos que precisa compartilhar o seu quarto, o seu ambiente. [Eles] Não têm um ambiente silencioso para estudar, estão fazendo leituras e atividades escolares através de celulares, com toda limitação que isso impõe e, muitas vezes, têm que dividir seu horário do dia com atividades profissionais, com cuidados com família, com filhos e outras atividades necessárias para a sobrevivência, que ficam ainda mais desafiadores nesse ambiente de isolamento social", explicou a antropóloga Yasmim Monteiro, da Casa Fluminense.

 

Belford Roxo sem acesso

 

No Ri de Janeiro, Belford Roxo é a cidade da Região Metropolitana com maior número de alunos sem acesso a um computador, o que dificulta o estudo. Lá, pouco mais de 9 mil alunos se preparam para as provas do Enem, só que mais de 4 mil tem dificuldade de acesso ao conteúdo online.

 

Em Japeri, também na Região Metropolitana, 47% dos alunos não tem acesso a um computador. Em Queimados, Guapimirim e Magé, na Baixada Fluminense, o percentual chega a 42%. Duque de Caxias e Nova Iguaçu, também na Baixada, são quase 40%.

 

Provas em novembro

 

Com quase metade dos alunos sem acesso a computadores e, por enquanto, impossibilitados de realizar a prova presencial – devido à pandemia de Covid -19 –, ainda assim as provas do Enem estão marcadas para novembro. Universidades têm se manifestado pelo adiamento do exame.

 

Durante o período de crise sanitária, as aulas têm ocorrido online, mas o conteúdo não chega para todos.

 

"Na minha localidade não tem wi-fi então quando tento entrar em qualquer site pra saber os conteúdos eu não consigo , não carrega", afirmou a estudante Carolyne Martins.

Carolyne faz parte de um grupo de alunos que não tem computador e precisa usar o celular para estudar.

 

"Minha maior dificuldade para estudar nessa quarentena está sendo o tamanho das letrinhas, porque me confunde muito, e no celular eu recebo muita notificação e eu não consigo", explicou outra aluna, Lais Barbalho da Silva.

Além da dificuldade de acompanhar as aulas, Lais também não sabe até quando vai ter acesso à internet.

 

"Eu só tenho [internet] no celular. Por enquanto, ainda tenho wi-fi, mas minha mãe ainda não recebeu o auxílio, então tá um pouco difícil pra gente, pra poder ainda manter a internet dentro de casa", lamentou a estudante.

 

A também estudante Ana tem usado o telefone celular da mãe para estudar, mas nem sempre consegue.

 

"Tem semana que minha mãe consegue botar o crédito, pra eu conseguir acessar. (...) Mas tem semanas que estou sem internet, sem crédito, não tenho dinheiro pra colocar e fico sem acessar", detalhou.

 

Para Claudia Costin, especialista em educação, manter a data do Enem pode dificultar ainda mais o acesso dos mais pobres às universidades.

 

"Não é só a questão do online. (...) No papel, eles saem perdendo a frente dos alunos que vivem numa casa com livros, com pais que discutem temas da atualidade e computadores que não são compartilhados", ponderou a especialista – G1.

 

Carlos Magno

 

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