Um grupo de hackers invadiu o sistema de informações do
Exército e divulgou na internet quatro exames médicos feitos pelo presidente
Jair Bolsonaro no Hospital das Forças Armadas entre junho de 2019 e janeiro de
2020. Em todos esses testes, o mandatário se identificou com seu nome de
batismo, ao contrário do que fez com os exames para covid-19, quando alega ter
usado pseudônimos. Os resultados entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) na
última terça-feira, 12, deram negativo para a doença.
A informação do ataque cibernético foi publicada pelo site
da revista Época na tarde desta quinta-feira, 14, e confirmada pelo Estadão. O
Exército ainda está avaliando a dimensão do problema.
Em nota, a Força informou que "foram adotadas
providências imediatas para mitigar eventuais consequências". Após a
conclusão de uma investigação "serão desenvolvidas as ações técnicas e
legais necessárias", segundo o Exército.
Uma conta de Twitter com o nome DigitalSp4ce, que reivindica
o ataque hacker e foi suspensa no meio da tarde, foi postada a seguinte mensagem:
"Somente após meses o presidente resolveu mostras seus exames, isso
intrigou nosso grupo, resolvemos ir atras e invadimos o Banco de Dados do
hospital onde foi realizada a coleta, e adivinhem? Nada comprova que foi feita
tal coleta, nem mesmo com pseudônimo."
Ao encaminhar laudos dos seus exames de coronavírus ao STF
na noite desta terça-feira, o presidente usou pseudônimos. Em dois laudos, os
nomes são de outras pessoas, mas o CPF e a data de nascimento são de Bolsonaro.
Num terceiro teste, ele é chamado apenas de "paciente 5", sem citar
nenhum número de documento.
"Para a realização dos exames foram utilizados no
cadastro junto ao laboratório conveniado Sabin os nomes fictícios Airton Guedes
e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais
de registro civil junto aos órgãos oficiais", diz ofício assinado por Rui
Yutaka Matsuda, comandante logístico do Hospital das Forças Armadas, onde os
dois primeiros testes foram feitos.
Os exames de Bolsonaro só foram divulgados após o Estadão
entrar na Justiça pedindo acesso a eles, alegando que a saúde do presidente em
meio à pandemia do novo coronavírus se trata de informação de interesse
público. O presidente já havia anunciado os resultados negativos em redes
sociais, mas se recusava a mostrar os laudos. Bolsonaro entrou com recursos
para evitar que a decisão judicial fosse cumprida – Estadão.
Carlos Magno
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