O empresário Afranio Barreira, fundador da rede de
restaurantes Coco Bambu, disparou no WhatsApp uma longa mensagem em defesa do
presidente Jair Messias Bolsonaro, do afrouxamento do isolamento social e,
principalmente, da adoção da cloroquina no tratamento da Covid-19 como uma
espécie de panaceia.
O medicamento foi um dos pontos de desacordo entre os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich com o
presidente. Na semana de sua saída da pasta, o ex-ministro Teich havia postado em uma rede social que
o uso do remédio no tratamento contra a Covid-19 deveria ser feito com
restrições. O presidente, sem respaldo científico, é defensor ferrenho da
adoção da substância.
Para o empresário, os “formadores de opinião” tratam o
assunto como tabu, “justamente por ter sido o presidente Bolsonaro o primeiro a
abordar o tema.” Barreira relata que ele mesmo contraiu o novo coronavírus e
fez uso do remédio sem relatar efeitos colaterais. “Graças a Deus passei de
forma tranquila pelo período que estive infectado”. A eficácia do medicamento
para o tratamento de Covid-19 não foi comprovado por especialistas. O terreno
ainda é o do achismo.
“Muitos médicos, empresários e políticos quando adoeciam
tomavam essas medicações. E o pior, pareciam querer esconder o seu uso, por
razões obscuras, e que até hoje não entendo”, escreveu o dono do Coco Bambu.
“Hoje, muitas operadoras de saúde estão usando essas medicações já nas fases iniciais,
mas esse protocolo de tratamento ainda não foi aplicado por todos os governos.
Quantas vidas poderiam ter sido salvas? Quantas vidas ainda podemos salvar?”.
Assim como Bolsonaro é devoto da cloroquina, Barreira é
defensor ferrenho do presidente. Em 2019, declarou a VEJA SÃO PAULO que o
mandatário “foi brilhante em formar uma equipe com pessoas de qualidade e
patriotas. Também não devemos esquecer de ser gratos ao Exército”. No ano
anterior, ele doou 20 000 reais para a campanha do então candidato Bolsonaro,
de acordo com o TSE.
Em recente entrevista a VEJA SÃO PAULO sobre
as medidas que tomou ou pretende tomar durante a pandemia, Barreira afirmou que
precisou demitir 1500 funcionários no país inteiro (cerca de 500 no estado de
São Paulo). “Dos 4800 que mantivemos, a metade está trabalhando [em delivery] e
a outra, suspensa. Se não voltarmos a abrir em breve, outros serão infelizmente
demitidos”, antecipa as medidas que pretende tomar.
Na mensagem disparada, o empresário diz que, para parte da
população em quarentena,“fica muito fácil defender o lockdown ou isolamento
social horizontal. Afinal, ter um lar confortável, comida na geladeira, e até
entretenimento dentro de casa, torna mais fácil” – Veja.
Carlos Magno
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