O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste
domingo (24) de mais um ato na Praça dos Três Poderes, em Brasília, a favor do
governo.
O presidente deixou o Palácio da Alvorada, residência
oficial, de helicóptero, às 11h32. Primeiro, Bolsonaro sobrevoou a Esplanada
dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes. Durante o sobrevoo, o presidente
publicou um vídeo mostrando a vista que tinha do helicóptero, focada na
manifestação.
Depois de alguns minutos, o helicóptero pousou no prédio
anexo do Palácio do Planalto, e Bolsonaro se dirigiu a pé para a Praça dos Três
Poderes.
Bolsonaro chegou ao ato a pé e de máscara. Depois, retirou a
máscara, acenou para os manifestantes, apertou as mãos de apoiadores e chegou a
abraçar os manifestantes. Em pelo menos dois momentos, o presidente também
carregou crianças no colo.
O ato provocou aglomeração, e muitas pessoas estavam sem
máscara, contrariando as orientações das autoridades de saúde em meio à
pandemia do novo coronavírus.
Decreto do governo do Distrito Federal estabelece que pessoa
física que desrespeitar as regras de isolamento social pode ser advertida,
sofrer multa e ser enquadrada no crime de infração de medida sanitária
preventiva.
Há outro decreto do governo local que prevê multa de R$ 2
mil para quem descumprir a regra de uso de máscara em locais públicos. Em caso
de reincidência, conforme o decreto, o valor passa a R$ 4 mil.
Pouco antes de se dirigir para o ato, Bolsonaro publicou em
uma rede social a reprodução de uma imagem sobre a Lei de Abuso de Autoridade.
Na imagem, foi publicado o seguinte texto: "Divulgar
gravação ou trecho e gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir,
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do
investigado ou acusado: pena - detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos".
Na última sexta, o ministro Celso de Mello, do Supremo
Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da gravação da reunião ministerial de
22 de abril, apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o
presidente tentou interferir na Polícia Federal (leia detalhes mais abaixo). O
G1 procurou a assessoria do STF e aguardava resposta até a última atualização
desta reportagem.
Na manifestação, havia uma pessoa com um cartaz com a
seguinte frase: "Abaixo a ditadura do STF".
Durante o ato deste domingo, Bolsonaro estava acompanhado de
alguns aliados, entre os quais os ministros do Gabinete de Segurança
Institucional, Augusto Heleno, e da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e a deputada
federal Carla Zambelli (PSL-SP).
Bolsonaro tem ido a manifestações pró-governo todos os fins
de semana. Em todas as ocasiões, costuma contrariar as orientações das
autoridades de saúde, ora não usando máscara, ora cumprimentando apoiadores e
participando de aglomerações.
Reunião ministerial
A ida ao ato deste domingo acontece dois dias após o
ministro Celso de Mello ter retirado o sigilo da gravação da reunião
ministerial de 22 de abril.
A gravação é apontada por Moro como prova de que Bolsonaro
tentou interferir politicamente na Polícia Federal, o que o presidente nega. O
vídeo foi incluído no inquérito que apura o caso.
Na reunião, Bolsonaro disse que poderia trocar a
"segurança" no Rio de Janeiro. Segundo Moro, o presidente se referia
à Superintendência da PF no estado. Bolsonaro, por sua vez, disse que se
referia à segurança pessoal.
Ainda na reunião, Bolsonaro olhou para Moro quando disse que
iria "interferir" nos ministérios, não para o ministro Augusto
Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, responsável pela segurança do
presidente.
Como mostrou o Jornal Nacional, em vez de demitir o
segurança no Rio de Janeiro, Bolsonaro o promoveu – G1.
Carlos Magno
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