Com a entrega de cargos-chave, líderes dos principais
partidos do Centrão garantem blindagem política ao presidente Jair Bolsonaro se
o Planalto precisar de apoio para sobreviver politicamente no Congresso a um
eventual processo que tenha como base acusações do ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública Sergio Moro, como a de interferência política na Polícia
Federal.
Porém, o bloco, o maior da Câmara, não endossará a briga de
Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF), pelo contrário: apesar dos
cargos, líderes afirmam ao blog que ficarão com a defesa da Corte. Esse é o
limite do Centrão, avalia o presidente de uma legenda ouvido pelo blog.
"Nosso compromisso é com Bolsonaro, mas ninguém vai
embarcar na aventura de endossar ameaças ao STF. Jamais vamos enfrentar o STF.
Aí, você está falando de democracia, de instituições. Entre Bolsonaro e STF,
ficamos com o STF."
No entanto, admitem líderes dos principais partidos, o
cenário é outro quando se analisa de forma isolada as acusações de Moro — tido
como antagonista do Congresso, por conta de suas investigações quando juiz da
Lava Jato. "Aí nosso compromisso é total com Bolsonaro", disse o
presidente desta sigla.
De olho no apoio para eventual sobrevivência política de
Bolsonaro, o governo negociou a entrega de cargos com o Centrão, cedendo postos
como o FNDE, fundo bilionário de educação que é alvo de cobiça de políticos.
Tanto no Executivo como no Legislativo, a avaliação, hoje, é
que os inquéritos que correm no STF ainda não têm força para um processo de
impedimento no Congresso. Mas se preparam para cenário adversos pois admitem
que quem ditará o ambiente político nos próximos meses será a crise econômica
pós-pandemia e o cenário de vítimas da crise sanitária.
Temendo o cenário pós-pandemia, o Planalto já se prepara
para o impacto das investigações no meio político. O governo sabe que os
inquéritos conversam entre si e teme exatamente isso: o impasse do Centrão na
hora de entregar o apoio ao governo no Congresso.
Por isso, o governo queria arquivar o inquérito das fake
news, porque dificilmente congressistas vão ficar ao lado do presidente com o
avanço das investigações envolvendo ameaças a ministros do STF ligados ao
chamado gabinete do ódio, que funcionaria com o aval do Planalto.
"Ministro do STF fica lá por 20 anos. Bolsonaro tem mais dois anos.
Ninguém vai brigar com o STF ", diz um outro líder do centrão, que defende
o diálogo entre Judiciário e Executivo para evitar a saia justa para o
Legislativo.
Um ministro do governo Bolsonaro acha cada vez mais distante
a reconstrução de pontes com o STF. Diz que Bolsonaro gosta de viver "como
se estivesse em um MMA", sempre buscando um adversário para
"brigar"; e acha que há excessos do STF para prejudicar o governo
politicamente.
Enquanto Bolsonaro se afasta do STF, o STF se une. Um
ministro da corte avaliou ao blog, na semana passada, após a operação da PF que
mirou apoiadores de Bolsonaro que divulgam e supostamente financiam fake news,
que, se havia oposição por parte de alguns ao inquérito das fake news, hoje, se
houver, deve ser mínima — como é o caso do ministro Marco Aurélio Mello.
A união entre os ministros do STF preocupa o Planalto, já
que, se o inquérito das fake news for avalizado pelo plenário da corte, o
presidente Bolsonaro perderá o discurso de que as decisões não podem ser
monocráticas, isolando o Planalto ainda mais na relação com o Judiciário – Vlog
da Andréia Sadi / G1.
Carlos Magno
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