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03/06/2020

Com cargos, “Centrão” blinda Bolsonaro na briga com Moro, mas líderes afirmam que ficarão do lado do STF na briga com ministros


Com a entrega de cargos-chave, líderes dos principais partidos do Centrão garantem blindagem política ao presidente Jair Bolsonaro se o Planalto precisar de apoio para sobreviver politicamente no Congresso a um eventual processo que tenha como base acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, como a de interferência política na Polícia Federal.

 

Porém, o bloco, o maior da Câmara, não endossará a briga de Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF), pelo contrário: apesar dos cargos, líderes afirmam ao blog que ficarão com a defesa da Corte. Esse é o limite do Centrão, avalia o presidente de uma legenda ouvido pelo blog.



 

"Nosso compromisso é com Bolsonaro, mas ninguém vai embarcar na aventura de endossar ameaças ao STF. Jamais vamos enfrentar o STF. Aí, você está falando de democracia, de instituições. Entre Bolsonaro e STF, ficamos com o STF."

No entanto, admitem líderes dos principais partidos, o cenário é outro quando se analisa de forma isolada as acusações de Moro — tido como antagonista do Congresso, por conta de suas investigações quando juiz da Lava Jato. "Aí nosso compromisso é total com Bolsonaro", disse o presidente desta sigla.

 

De olho no apoio para eventual sobrevivência política de Bolsonaro, o governo negociou a entrega de cargos com o Centrão, cedendo postos como o FNDE, fundo bilionário de educação que é alvo de cobiça de políticos.

 

Tanto no Executivo como no Legislativo, a avaliação, hoje, é que os inquéritos que correm no STF ainda não têm força para um processo de impedimento no Congresso. Mas se preparam para cenário adversos pois admitem que quem ditará o ambiente político nos próximos meses será a crise econômica pós-pandemia e o cenário de vítimas da crise sanitária.

 

Temendo o cenário pós-pandemia, o Planalto já se prepara para o impacto das investigações no meio político. O governo sabe que os inquéritos conversam entre si e teme exatamente isso: o impasse do Centrão na hora de entregar o apoio ao governo no Congresso.

 

Por isso, o governo queria arquivar o inquérito das fake news, porque dificilmente congressistas vão ficar ao lado do presidente com o avanço das investigações envolvendo ameaças a ministros do STF ligados ao chamado gabinete do ódio, que funcionaria com o aval do Planalto. "Ministro do STF fica lá por 20 anos. Bolsonaro tem mais dois anos. Ninguém vai brigar com o STF ", diz um outro líder do centrão, que defende o diálogo entre Judiciário e Executivo para evitar a saia justa para o Legislativo.

 

Um ministro do governo Bolsonaro acha cada vez mais distante a reconstrução de pontes com o STF. Diz que Bolsonaro gosta de viver "como se estivesse em um MMA", sempre buscando um adversário para "brigar"; e acha que há excessos do STF para prejudicar o governo politicamente.

 

Enquanto Bolsonaro se afasta do STF, o STF se une. Um ministro da corte avaliou ao blog, na semana passada, após a operação da PF que mirou apoiadores de Bolsonaro que divulgam e supostamente financiam fake news, que, se havia oposição por parte de alguns ao inquérito das fake news, hoje, se houver, deve ser mínima — como é o caso do ministro Marco Aurélio Mello.

 

A união entre os ministros do STF preocupa o Planalto, já que, se o inquérito das fake news for avalizado pelo plenário da corte, o presidente Bolsonaro perderá o discurso de que as decisões não podem ser monocráticas, isolando o Planalto ainda mais na relação com o Judiciário – Vlog da Andréia Sadi / G1.

 

Carlos Magno

 

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