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19/06/2020

Brasil ultrapassa a marca de 1 milhão de pessoas infectadas com o novo coronavírus; mortes chegam perto de 50 mil


Menos de quatro meses após o primeiro caso diagnosticado de Covid-19, o Brasil atingiu nesta sexta-feira (19) a marca de mais de 1 milhão de infectados. O país tem mais de 48 mil mortos pela doença.

 

Os dados foram compilados por um consórcio entre Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL. Os veículos de imprensa se reuniram para informar números sobre o novo coronavírus, que são coletados com as secretarias estaduais de Saúde.

 

A iniciativa do consórcio de veículos de compilar e divulgar os dados sobre Covid-19 é uma resposta a atitudes recentes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou informações do ar, deixou de divulgar totais de casos e mortes e divulgou informações conflitantes.



 

Até às 14h deste sexta-feira (19), 1.009.699 pessoas haviam contraído a doença no país segundo registros oficiais -o número provavelmente é múltiplas vezes maior, dados os indícios de subnotificação. Também foram registrados 48.427 óbitos no total, 558 deles desde as 20h.

 

Desde o dia 12 de junho, o Brasil é o segundo país com o maior número de mortes por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos. Na sua décima quinta semana de pandemia, tem uma taxa de 22,5 mortos por 100 mil habitantes.

 

Mais de 450 mil mortes foram registradas no mundo devido ao vírus, que já infectou 8 milhões de pessoas. Com um quarto dos óbitos e do total de casos, os EUA são o país mais atingido.

 

No Brasil, a média menor de casos por habitantes é menor do que outros países. O Reino Unido, por exemplo, terceiro com mais óbitos registra 63,2 mortos para cada 100 mil habitantes. Os EUA têm média de 36 mortes por 100 mil habitantes.

 

Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 1,7 morte por 100 mil habitantes.

 

O Brasil teve o primeiro paciente diagnosticado com o novo coronavírus em 25 de fevereiro. No início da segunda quinzena de março, no dia 16, houve o registro da primeira morte, do porteiro aposentado Manoel Messias Freitas Filho. A doença começava a se espalhar pelo país, que tinha 200 casos confirmados na época.

 

No mês em que houve o primeiro óbito no Brasil por Covid-19, o presidente da República minimizou o impacto da doença. Após realizar exames para checar se havia sido infectado, ele afirmou que o novo coronavírus era uma “gripezinha”. Segundo os exames divulgados em maio, Bolsonaro testou negativo.

 

Bolsonaro negava a gravidade mesmo após a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar que havia uma pandemia em curso no mundo. Em 11 de março, a entidade argumentou que a doença estava disseminada por mais de cem países, em todos os continentes.

 

No Brasil, o presidente criticava a ação de governadores que fecharam escolas, comércio e outros estabelecimentos, medidas recomendas para tentar barrar a transmissão.

 

“Esse vírus trouxe uma certa histeria”, afirmou no dia 17 de março, em entrevista à rádio Tupi.

 

O posicionamento levou à demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defendia o isolamento social para evitar a disseminação do vírus. Ele foi substiuído por Nelson Teich, que pediu para sair menos de um mês após assumir o cargo.

 

Aliado de Bolsonaro na campanha eleitoral, o médico foi, durante a sua gestão, pressionado pelo presidente para ampliar o uso da cloroquina para pacientes com quadros leves da Covid-19, apesar da falta de evidências científicas do medicamento no tratamento do novo coronavírus. Atualmente, o general Eduardo Pazuello ocupa o cargo de ministro interino da Saúde.

 

Em meio às trocas e a instabilidade política, o país registrou um crescimento exponencial de casos e mortes em decorrência da pandemia, principalmente a partir de maio. Há dois meses, em 19 de abril, foram registradas 109 mortes no dia e o país tinha um acumulado de 38 mil casos. Um mês depois, em 19 maio, houve 1.179 óbitos no dia e o total de infectados já era de 271 mil, segundo dados do Ministério da Saúde.

 

O Brasil passou a ser visto internacionalmente como um fracasso no combate ao novo coronavírus. A OMS afirmou, em maio, que o caso brasileiro era “preocupante”. A América Latina se tornou, segundo a entidade, o novo epicentro da pandemia.

 

Nesta sexta, o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan apontou que um dado que o assusta no Brasil é o de 15 mil casos de Covid-19 entre médicos, 19 mil entre enfermeiros e mais de 40 mil casos entre técnicos e outros profissionais de hospitais.

 

“Os profissionais de saúde já são 12% de todos os casos da doença”, afirmou.

 

Ele alertou também para capacidade das UTIs sob pressão em algumas regiões.

 

“Mas é difícil para qualquer sistema resistir a esse aumento persistente no número de casos, e isso requer que as esferas federal e estaduais trabalhem juntas”, disse ele.

 

Na próxima semana, o Brasil chegará ao quarto mês do vírus no país. Desde então, segundo os especialistas, ainda não houve uma queda considerável no contágio. De acordo com cálculos do Imperial College, uma das principais instituições globais de pesquisa de epidemias, o país ainda apresenta taxa acima de 1, o que indica que a transmissão está fora de controle.

 

O número, também chamado de Rt, indica para quantas pessoas na média cada infectado com o coronavírus transmite o patógeno.

 

A taxa de contágio calculada nesta semana para o Brasil é de 1,05, ou seja, cada 100 pessoas contaminadas transmitem o coronavírus para outras 105, que por sua vez transmitem para 110,25 e assim por diante, fazendo com que a doença se espalhe em velocidade progressiva.

 

Na semana passada, a taxa calculada para o país era de 1,08; no final de abril, chegou a 2,8. Esta é a oitava semana seguida em que o Brasil registra transmissão fora de controle – Folhapress.

 

Carlos Magno

 

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