Menos de quatro meses após o primeiro caso diagnosticado de
Covid-19, o Brasil atingiu nesta sexta-feira (19) a marca de mais de 1 milhão
de infectados. O país tem mais de 48 mil mortos pela doença.
Os dados foram compilados por um consórcio entre Folha de
S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL. Os veículos de
imprensa se reuniram para informar números sobre o novo coronavírus, que são
coletados com as secretarias estaduais de Saúde.
A iniciativa do consórcio de veículos de compilar e divulgar
os dados sobre Covid-19 é uma resposta a atitudes recentes do governo Jair
Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou
informações do ar, deixou de divulgar totais de casos e mortes e divulgou
informações conflitantes.
Até às 14h deste sexta-feira (19), 1.009.699 pessoas haviam
contraído a doença no país segundo registros oficiais -o número provavelmente é
múltiplas vezes maior, dados os indícios de subnotificação. Também foram
registrados 48.427 óbitos no total, 558 deles desde as 20h.
Desde o dia 12 de junho, o Brasil é o segundo país com o
maior número de mortes por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos. Na sua
décima quinta semana de pandemia, tem uma taxa de 22,5 mortos por 100 mil
habitantes.
Mais de 450 mil mortes foram registradas no mundo devido ao
vírus, que já infectou 8 milhões de pessoas. Com um quarto dos óbitos e do
total de casos, os EUA são o país mais atingido.
No Brasil, a média menor de casos por habitantes é menor do
que outros países. O Reino Unido, por exemplo, terceiro com mais óbitos
registra 63,2 mortos para cada 100 mil habitantes. Os EUA têm média de 36
mortes por 100 mil habitantes.
Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais
tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é
de 1,7 morte por 100 mil habitantes.
O Brasil teve o primeiro paciente diagnosticado com o novo
coronavírus em 25 de fevereiro. No início da segunda quinzena de março, no dia
16, houve o registro da primeira morte, do porteiro aposentado Manoel Messias
Freitas Filho. A doença começava a se espalhar pelo país, que tinha 200 casos
confirmados na época.
No mês em que houve o primeiro óbito no Brasil por Covid-19,
o presidente da República minimizou o impacto da doença. Após realizar exames
para checar se havia sido infectado, ele afirmou que o novo coronavírus era uma
“gripezinha”. Segundo os exames divulgados em maio, Bolsonaro testou negativo.
Bolsonaro negava a gravidade mesmo após a OMS (Organização
Mundial da Saúde) declarar que havia uma pandemia em curso no mundo. Em 11 de
março, a entidade argumentou que a doença estava disseminada por mais de cem
países, em todos os continentes.
No Brasil, o presidente criticava a ação de governadores que
fecharam escolas, comércio e outros estabelecimentos, medidas recomendas para
tentar barrar a transmissão.
“Esse vírus trouxe uma certa histeria”, afirmou no dia 17 de
março, em entrevista à rádio Tupi.
O posicionamento levou à demissão do ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, que defendia o isolamento social para evitar a disseminação
do vírus. Ele foi substiuído por Nelson Teich, que pediu para sair menos de um
mês após assumir o cargo.
Aliado de Bolsonaro na campanha eleitoral, o médico foi,
durante a sua gestão, pressionado pelo presidente para ampliar o uso da
cloroquina para pacientes com quadros leves da Covid-19, apesar da falta de
evidências científicas do medicamento no tratamento do novo coronavírus.
Atualmente, o general Eduardo Pazuello ocupa o cargo de ministro interino da
Saúde.
Em meio às trocas e a instabilidade política, o país
registrou um crescimento exponencial de casos e mortes em decorrência da
pandemia, principalmente a partir de maio. Há dois meses, em 19 de abril, foram
registradas 109 mortes no dia e o país tinha um acumulado de 38 mil casos. Um
mês depois, em 19 maio, houve 1.179 óbitos no dia e o total de infectados já
era de 271 mil, segundo dados do Ministério da Saúde.
O Brasil passou a ser visto internacionalmente como um
fracasso no combate ao novo coronavírus. A OMS afirmou, em maio, que o caso
brasileiro era “preocupante”. A América Latina se tornou, segundo a entidade, o
novo epicentro da pandemia.
Nesta sexta, o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan
apontou que um dado que o assusta no Brasil é o de 15 mil casos de Covid-19
entre médicos, 19 mil entre enfermeiros e mais de 40 mil casos entre técnicos e
outros profissionais de hospitais.
“Os profissionais de saúde já são 12% de todos os casos da
doença”, afirmou.
Ele alertou também para capacidade das UTIs sob pressão em
algumas regiões.
“Mas é difícil para qualquer sistema resistir a esse aumento
persistente no número de casos, e isso requer que as esferas federal e
estaduais trabalhem juntas”, disse ele.
Na próxima semana, o Brasil chegará ao quarto mês do vírus
no país. Desde então, segundo os especialistas, ainda não houve uma queda
considerável no contágio. De acordo com cálculos do Imperial College, uma das
principais instituições globais de pesquisa de epidemias, o país ainda
apresenta taxa acima de 1, o que indica que a transmissão está fora de
controle.
O número, também chamado de Rt, indica para quantas pessoas
na média cada infectado com o coronavírus transmite o patógeno.
A taxa de contágio calculada nesta semana para o Brasil é de
1,05, ou seja, cada 100 pessoas contaminadas transmitem o coronavírus para
outras 105, que por sua vez transmitem para 110,25 e assim por diante, fazendo
com que a doença se espalhe em velocidade progressiva.
Na semana passada, a taxa calculada para o país era de 1,08;
no final de abril, chegou a 2,8. Esta é a oitava semana seguida em que o Brasil
registra transmissão fora de controle – Folhapress.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar pum pode prevenir câncer, AVC,
ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo de universidade do Reino Unido
- Assassinato de moradores de rua em
Campina Grande-PB gera comoção: radialista faz artigo em homenagem a
"Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de Medicina no campus de
Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de 20 minutos em fila de
banco na Paraíba receberá indenização
- Jovem forja a própria morte para saber
"quais pessoas se importariam com sua ausência" e vem a público pedir
desculpas