As investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro que
levaram à prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz na Operação Anjo, na
quinta-feira 18, apontam o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) como o
“líder” de uma organização criminosa que funcionava em seu gabinete na
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), enquanto ele era deputado estadual, e
cometia crimes de peculato na prática da “rachadinha”, desvio de salários de
servidores. Queiroz é apontado pelo MP fluminense como operador do esquema,
cujos repasses teriam chegado a 2 milhões de reais entre abril de 2017 a dezembro
de 2018.
Na decisão em que autorizou as prisões de Fabrício Queiroz e
sua mulher, Márcia de Oliveira Aguiar, o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira
Nicolau aponta que, segundo a Promotoria, “as movimentações bancárias atípicas
e o contexto temporal nas quais foram realizadas resultam em evidências
contundentes da função exercida por Fabrício José Carlos de Queiroz como
operador financeiro na divisão de tarefas da organização criminosa investigada,
tanto na arrecadação dos valores desviados da Alerj quanto na transferência de
parte do produto dos crimes de peculato ao patrimônio familiar do líder do
grupo, o então deputado estadual Flávio Nantes Bolsonaro”.
Preso pela polícia em Atibaia (SP), em uma propriedade do
advogado de Flávio e do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, Fabrício
Queiroz pagou as mensalidades das escolas das filhas do senador e fez ao menos
um depósito de 25.000 reais pessoalmente na conta da mulher dele, Fernanda
Antunes Figueira Bolsonaro.
“Queiroz não se limitava à arrecadação dos valores junto aos
demais assessores, já que o aludido investigado também transferia parte dos
recursos para o patrimônio familiar do ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro,
mediante depósitos bancários que ocorriam de forma fracionada em valores
menores e pagamentos de despesas pessoais”, diz trecho da decisão proferida
pelo juiz Flavio Itabaiana.
A investigação também mostrou que Márcia Oliveira de Aguiar,
mulher de Queiroz, recebeu em dinheiro 174.000 reais, “de origem desconhecida”,
que foram usados para custear o tratamento de câncer a que o ex-assessor foi
submetido no Hospital Albert Einstein, um dos mais luxuosos de São Paulo.
Os pagamentos à família de Flávio Bolsonaro revelam que
Queiroz não era um mero funcionário do seu gabinete quando ele era deputada estadual
na Assembleia Legislativa do Rio. Nas palavras do MP, o ex-assessor era o
“operador financeiro” do esquema. Os promotores ainda afirmaram que o padrão de
vida do policial militar reformado “parecia estar acima de suas posses” e que
ele estava recebendo dinheiro de terceiros para se manter nos últimos meses –
Veja.
Carlos Magno
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