Promotores do Rio de Janeiro dizem ter obtido provas de que
o ex-policial militar e ex-assessor da família Bolsonaro Fabrício Queiroz pagou
mensalidades escolares das filhas do senador Flávio Bolsonaro. Queiroz foi
preso nesta quinta-feira, a pedido dos Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro, em uma casa em Atibaia, no interior de São Paulo, pertencente ao
advogado Frederick Wassef, que representa o presidente Jair Bolsonaro e Flávio
em processos. O ex-policial e o senador são investigados pela suspeita de que
desviaram verbas salariais públicas de funcionários do gabinete de Flávio na
Assembleia, no esquema conhecido como “rachadinha”.
Ao solicitar a prisão de Queiroz, os promotores apresentaram
à Justiça novas provas de que o ex-policial atuava como uma espécie de operador
financeiro de Flávio. Os investigadores obtiveram imagens de Queiroz fazendo
pagamentos no caixa do banco, que pelo horário, pela data e pelos valores,
foram feitos para a quitação das mensalidades escolares das filhas do senador.
Como os valores dos pagamentos de Queiroz coincidiam com os custos financeiros
das mensalidades, além de existir coincidência do horário das imagens de
Queiroz e do horário da quitação dos boletos, os promotores avaliaram que
Queiroz foi o responsável pelos pagamentos.
Queiroz foi chefe de gabinete de Flávio na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e era amigo do presidente Jair
Bolsonaro desde os anos 80. O pagamento das mensalidades apontado pelo
Ministério Público é mais um elo de conexão de que Queiroz não operava o
esquema para si, segundo os investigadores. Flavio Bolsonaro nega ter cometido
irregularidades.
A prisão preventiva de Queiroz foi pedida pelo Ministério
Público à Justiça sob o argumento de que era necessária para que ele não
prejudicasse o andamento das investigações. O pagamento das mensalidades foi
uma das novas provas citadas pelos promotores no pedido de prisão do
ex-policial e de sua esposa Marcia Aguiar. Ela ainda está foragida. Os
promotores também fazem buscas em seis endereços ligados ao senador e ao
ex-policial. Os promotores também investigam se o senador usou sua loja
franqueada da rede Kopenhagen para camuflar recursos desviados dos salários de
funcionários de seus gabinetes.
O Ministério Público investiga também se o dinheiro público
desviado do gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual, também foi
usado para que o senador adquirisse imóveis. O papel de Queiroz é considerado
crucial no esquema da “rachadinha”, porque a investigação obteve indícios de
que era o ex-policial quem coletava dinheiro em espécie, sacado pelos outros
funcionários do gabinete, e depositava de acordo com os interesses de Flávio –
EL PAÍS.
Carlos Magno
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