No pedido de prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz e da
mulher dele Márcia Oliveira de Aguiar, o Ministério Público do Rio de Janeiro
revelou a atuação de um outro advogado do senador Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ).
De acordo com o MP, Luiz Gustavo Botto Maia praticou crime
de obstrução de Justiça. A investigação apurou que além de manipular provas,
Botto teria orientado testemunhas para que faltassem aos depoimentos marcados
pelo MP, como mostrou o Jornal Nacional neste sábado (20).
Gustavo Botto é advogado de causas eleitorais e atuou no
registro da candidatura de Flávio Bolsonaro ao Senado, e no processo em que o
senador se desfiliou do PSL.
No entanto, as investigações relatam a atuação de Botto em
momentos cruciais do esquema das rachadinhas, o que leva os promotores a
dizerem que o advogado extrapolou todos os limites do exercício da advocacia e
passou a atuar de forma criminosa.
Encontro Adriano da
Nóbrega
O Ministério Público diz que ele foi um dos articuladores do
encontro clandestino entre as famílias de Fabrício Queiroz e do miliciano
Adriano da Nóbrega, morto no interior da Bahia em fevereiro deste ano.
Uma foto mostra Botto ao lado da mãe do ex-policial do Bope,
Raimunda Veras Magalhães, e de Márcia Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz.
Segundo a investigação, o objetivo do encontro era mandar um recado para
Adriano que estava foragido. O fato aconteceu dois meses antes dele ser morto.
Ainda segundo o MP, Botto teria atuado também na ocultação
de provas do esquema de rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio ( Alerj).
Depois das primeiras denúncias de que funcionários fantasmas
devolviam parte dos salários ao gabinete de Flávio Bolsonaro, os promotores
dizem que Gustavo Botto orientou uma das assessoras em uma fraude.
O Jornal Nacional exibiu uma mensagem, obtida pelo MP em um
celular apreendido. Nela, Botto orienta a funcionária Luisa Paes a assinar, em
2019, livros de ponto de 2017.
Advogado: Boa tarde,
Luiza
Advogado: Tudo bem?
Advogado: Deixa só eu
te falar.
Avogado: Esse print aí
que eu te mandei é de um cara que tá tentando falar contigo lá da ALERJ.
Advogado: Esse é, pô,
tranquilo.
Advogado: Parece que
tem alguma coisa tua lá que tu tem que assinar, alguma coisa lá da ALERJ que tá
com uma pendência lá de 2017, que eles estão vendo agora e pediram seu
telefone.
Advogado: Eu acabei,
dei agora há pouco e acabei esquecendo de te avisa
O pai da funcionária
fica receoso e ainda confirma a orientação do advogado com Fabrício Queiroz.
Pai: A luiza tem que
ir lá na alerj assinar uns pontos, é seguro?
Botto: muito seguro
Em outra mensagem, o
pai da assessora comenta com ela a conduta do advogado.
Pai: isso deve ter
sido orientação daquele maluco lá, né? Que nós encontramos com ele lá. Porque
aquilo é maluco de pedra.
Folha de pagamento e
busca e apreensão
O advogado Gustavo Botto está na folha de pagamento da
Assembleia Legislativa com um salário líquido de R$ 8.831,00.
Na última quinta-feira, o endereço do advogado foi um dos
alvos de busca e apreensão na operação que prendeu Fabrício Queiroz.
Prisão domiciliar
negada
A Justiça do Rio negou o pedido da defesa de Fabrício
Queiroz para converter a prisão preventiva em domiciliar. Queiroz é suspeito de
participar de um esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual
Flávio Bolsonaro.
Queiroz é o único ocupante de uma cela de 6 metros
quadrados, que tem cama, pia, vaso e chuveiro em Bangu, Zona Oeste do Rio.
Nas duas primeiras semanas, ele ficará sozinho na cela,
cumprindo a quarentena do coronavírus. O ex-assessor foi vacinado contra a
gripe e o sarampo, seguindo as regras destinadas a todos os predos.
Segundo quem teve contato com Queiroz já dentro do sistema
prisional, contaram que ele chegou nervoso, constrangido e até chorando.
A defesa do ex-assessor pediu que ele fosse transferido para
a prisão domiciliar, mas a desembargadora Suimei Cavalieri, da 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, negou.
O que dizem os
envolvidos
O Jornal Nacional não conseguiu contato com o advogado Luis
Gustavo Botto Maia.
Em nota, o senador Flávio Bolsonaro, disse que é vítima de
um grupo político que tem patrocinado uma campanha de difamação e que essas
pessoas têm o objetivo de recuperar o poder perdido na eleição.
Na nota, o senador diz que continua acreditando na Justiça,
reafirmou que é inocente e que tem patrimônio totalmente compatível com os
rendimentos. Segundo ele, tudo ficará comprovado dentro dos autos e que a
verdade prevalecerá – G1.
Carlos Magno
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