O Brasil ficou em último lugar em uma pesquisa que mediu, em
53 países, como a população avalia a reação dos respectivos governos à pandemia
de covid-19. Para apenas 34% dos entrevistados é boa a resposta apresentada
pelo País, que contabilizou, até a última terça-feira, 16, data da divulgação da
pesquisa, cerca de 45 mil mortos. A média global de satisfação ficou em 70%.
O presidente Jair Bolsonaro tem sido alvo de críticas por
ter minimizado, no início da pandemia, a ameaça do novo coronavírus, por ter
criticado as quarentenas feitas por governadores e prefeitos e por recomendar o
uso de cloroquina contra a doença, mesmo sem a comprovação científica. Desde
março, o Brasil também perdeu dois ministros da Saúde - Luiz Henrique Mandetta
e Nelson Teich -, e agora a área está sob o comando interino do general Eduardo
Pazuello.
Os resultados, divulgados na segunda-feira, 15, fazem parte
do Índice de Percepção da Democracia - 2020, um amplo estudo anual realizado
pela empresa alemã Dalia Research em parceria com a Fundação Aliança para as
Democracias, uma organização sem fins lucrativos com sede na Dinamarca.
A reação mais bem avaliada foi a da China, onde 95% da
população consideram boas as respostas governamentais. A pesquisa não apontou
grandes discrepâncias nos níveis de satisfação manifestados por habitantes de
países democráticos e não democráticos. As médias de aprovação nesses dois
grupos foram, respectivamente, de 70% e 74%.
Depois da China, as melhores avaliações foram registradas
pelas populações de Vietnã, (95%), Grécia (89%), Malásia (89%) e Irlanda (87%).
Na outra ponta do ranking, depois do Brasil, Chile (39%), França (46%), Espanha
(50%), Japão (52%) e Estados Unidos (53%).
Na Suécia, país criticado por não impor bloqueios mais duros
para conter o avanço do novo coronavírus, 69% dos entrevistados consideraram
que o governo trabalhou bem. A estratégia sueca de não impor isolamento social
rígido, no entanto, tem sido elogiada por Bolsonaro. Na Itália, um dos países
europeus mais afetados pelo novo coronavírus, com cerca de 35 mil mortes, a
aprovação do governo ficou em 53%.
Outro ponto da pesquisa foi medir a avaliação das pessoas
sobre o nível das medidas de restrição de circulação baixadas pelos governos.
Para 60% dos entrevistados, o governo brasileiro não faz o suficiente. As
medidas estão no grau adequado para outros 24%, enquanto 11% acham que o
governo exagera.
Ao todo, 124 mil pessoas responderam às questões
apresentadas de maneira diversificada pela empresa por meio de sites e
aplicativos entre 20 de abril e 3 de junho. Entre 1 mil e 3,2 mil pessoas de
cada país participaram da sondagem. A Dalia Research informou que colheu as
respostas baseando-se em distribuições oficiais de idade, gênero e nível
educacional e cada nação. A margem de erro da pesquisa é de 3,25 para mais ou
para menos.
O Brasil também apareceu mal quando a pergunta foi sobre a
percepção das pessoas a respeito de de quem geralmente tem os interesses
atendidos pelo governo. Para 71% dos brasileiros, o governo atende pequenos
grupos, e não a maioria das pessoas. O índice só foi melhor que os de Venezuela
(74%) e Chile (72%).
Os brasileiros também apareceram como um dos piores déficits
de percepção da democracia interna. Enquanto 83% consideram a democracia
importante, apenas 51% consideram o país democrático. É uma diferença de 32
pontos percentuais. O pior retrato é o da Venezuela, com respectivamente 74% e
24%, um hiato de 50 pontos.
O menor déficit é de Taiwan, com 7 pontos. No país asiático,
85% consideram a democracia importante e 78% avaliam viver em uma democracia.
Nos Estados Unidos, a diferença é de 24 pontos. Enquanto 73% veem a democracia
como importante, 49% consideram o País democrático – Estadão.
Carlos Magno
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