Com nove deputados na Câmara, integrantes da bancada do PSC
cobraram nesta quarta-feira, 24, mais espaço no governo em troca do apoio que
tem dado em votações - cerca de 90%, segundo as contas dos parlamentares. A
reivindicação foi feita por integrantes da legenda em café da manhã com o
presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
Após o encontro, o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmou
que o partido quer "tratamento igualitário" do governo em relação aos
outros partidos. "Que espaço o PSC tem hoje (no governo)? Queremos apenas
tratamento igualitário", disse Otoni ao Estadão/Broadcast Político.
"Foi um encontro de aproximação política, já que o PSC votou quase 90% dos
interesses do governo", emendou.
Na visão do parlamentar, o governo conseguirá montar uma
base de sustentação no Congresso, pois "está caminhando para a
maturidade" política, "sem negociar seus valores". O PSC é
também o partido do governador do Rio, Wilson Witzel, ex-aliado de Bolsonaro e
rompido com Otoni.
Nos últimos meses, Bolsonaro passou a negociar cargos em
ministérios e autarquias com siglas do chamado Centrão, formado por PP, PL,
Republicanos, PTB, DEM, Solidariedade e PSD. O movimento faz parte de uma
tentativa do presidente de fortalecer sua base de apoio no Congresso Nacional e
se blindar de um eventual processo de impeachment.
Bolsonaro já chamou as práticas do Centrão de “velha
política”, mas recorreu ao “toma lá, dá cá” diante da escalada da crise
política, acentuada pelas investigações que apuram as denúncias de tentativa de
interferência na Polícia Federal feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sérgio Moro.
Ainda de acordo com Otoni, o presidente sinalizou, durante a
reunião, que está disposto a viabilizar cargos para partidos, mas que não
"compactuará com corrupção". Entre os caciques dos partidos que já
indicaram nomes ao governo estão alguns políticos investigados na Lava Jato,
como o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, o deputado Arthur Lira
(AL), líder do partido na Câmara, e Marcos Pereira (SP), presidente do
Republicanos.
O deputado Gilberto Nascimento (SP), que também esteve no
encontro, avaliou que é "natural" parlamentares que apoiam o governo
buscarem espaço através da indicação de cargos nos Estados.
"Esse é um governo que apoiamos desde a primeira hora.
Se o governo está aí e se elegeu, é natural que alguns deputados, pensando nas
suas regiões, tenham a necessidade de ter algum espaço político no
governo", disse Nascimento ao Broadcast Político.
"Alguns deputados colocaram que gostariam de ter na sua
região pessoas da área que se envolvem no trabalho e que possam também ter seus
nomes avaliados para ocupar alguma posição. A ideia é ter currículos avaliados
para áreas técnicas", afirmou o parlamentar. Ele não especificou em quais
órgãos os parlamentares da sigla gostariam de indicar nomes.
Além de Bolsonaro, Otoni e Nascimento, estiveram presentes
no café da manhã no Alvorada o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo
Ramos, responsável pela articulação política, e os líderes do governo na
Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO). Entre
os parlamentares, estavam também os deputados André Ferreira (PSC-PE), Glaustin
Fokus (PSC-GO), Aluisio Mendes (PSC-MA) e Euclydes Pettersen (PSC-MG) –
Estadão.
Carlos Magno
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