O Ministério Público do Rio de Janeiro e a defesa de
Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do então deputado estadual Flávio
Bolsonaro, atualmente senador, estão negociando um acordo de delação premiada.
De acordo com fontes envolvidas na investigação, a maior
preocupação de Queiroz é com a família dele. Ele quer garantias de proteções no
processo para a mulher, Márcia Aguiar de Oliveira, que está foragida, e para as
filhas, Nathalia Mello e Evelyn Mello, todas investigadas no “esquema da
rachadinha”, prática em que os funcionários dos gabinetes devolvem parte de
seus pagamentos a políticos e assessores. Queiroz também pede para que cumpra
prisão domiciliar.
A negociação está arrastada porque os promotores querem
garantias que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro tenha informações novas para
apresentar e não apenas relatar fatos que a investigação já conseguiu remontar.
Queiroz está bastante preocupado que as filhas venham a ser presas e que Márcia
seja localizada. Ela está foragida desde o dia 18 de junho e os agentes já
fizeram buscas em 12 endereços diferentes para tentar encontrá-la.
Márcia, Nathalia e Evelyn, assim como o pai, trabalharam no
gabinete de Flávio na Alerj. Evelyn assumiu a vaga da irmã depois que Nathalia
foi exonerada do gabinete.
De acordo com o MP, a maior parte do dinheiro recebido pelas
três foi depositado na mesma conta corrente que Queiroz usava para gerenciar as
rachadinhas. Nathalia foi funcionária de Flávio Bolsonaro entre 2007 e 2016.
Menos de uma semana depois de ser exonerada, em dezembro de 2016, foi nomeada
para o cargo de secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos
Deputados, em Brasília. Para os promotores, a eventual prisão da mulher e o
envolvimento das filhas no processo são fundamentais para pressionar Queiroz a
colaborar. Vale lembrar que importantes
delações foram negociadas ao longo da Operação Lava Jato após as prisões de
familiares dos operadores do esquema.
Enquanto a negociação se arrasta, os advogados de Queiroz e
Márcia aguardam os julgamentos dos habeas corpus dos dois. O pedido do HC de
Queiroz já foi rejeitado no Plantão Judiciário no último sábado, mas sem
análise do mérito, o que deve acontecer nos próximos dias. Na sequência, será a
apreciação do pedido de soltura de Márcia.
Ontem, a terceira Câmara Cível do TJ-RJ decidiu que a
primeira instância não tem competência para analisar casos relativos a Flávio
Bolsonaro porque, na ocasião da denúncia, em 2018, ele era deputado estadual.
Em outra votação da mesma sessão, a câmara, formada por três desembargadores,
não suspendeu a validade dos atos do juiz Flávio Itabaiana. Com isso, os
pedidos de prisão provisória de Queiroz e Márcia seguem válidos, assim como as
provas coletadas durante a investigação – CNNBrasil.
Carlos Magno
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