Um motorista de ônibus da cidade de Bayonne, no sudoeste da
França, está hospitalizado em estado de morte cerebral depois de ter sido
agredido na noite de domingo (5). Ele foi atacado ao tentar impedir que
passageiros entrassem no veículo sem máscara de proteção, obrigatórias nos
transportes públicos. Um dos agressores foi identificado e os colegas da vítima
iniciaram uma greve em protesto contra o crime.
A agressão aconteceu quando um homem acompanhado de um
cachorro tentou entrar no ônibus sem máscara de proteção e sem pagar a
passagem. O motorista Philippe Monguillot, 59 anos, tentou impedir sua entrada
e pediu que outros quatro homens, que já estavam a bordo e também não usavam máscaras,
descessem do veículo.
Em resposta, Monguillot recebeu vários socos, que provocaram
uma lesão craniana grave. Ele foi levado inconsciente ao hospital e os médicos
declararam a morte cerebral na segunda-feira (6).
A polícia está ouvindo testemunhas para entender exatamente
o que aconteceu. Segundo os primeiros relatos, o motorista foi agredido ao ter
deixado o seu assento para tentar convencer o grupo a descer do ônibus.
Motorista ia se
aposentar em um ano
Não se sabe ainda quem iniciou o ataque e quantos
passageiros agrediram Monguillot. No entanto, um homem de 34 anos, com passagem
na polícia, já foi detido para averiguação na noite de domingo. De acordo com a
imprensa local, outras quatro pessoas, entre elas uma suspeita de ter sido o
autor do golpe mais violento, também estão sendo interrogadas.
O motorista segue hospitalizado, acompanhado da mulher e
suas três filhas. Segundo a esposa de Monguillot, em entrevista ao jornal Le
Parisien, “a cabeça dele está deformada”. Ela lembra que o marido se preparava
para se aposentar em um ano. “Tudo foi destruído em apenas alguns segundos”,
disse ela.
Greve e manifestações
de solidariedade
O caso provocou uma mobilização dos demais motoristas da
região, que paralisaram o serviço de ônibus desde segunda-feira em Bayonne, mas
também nas cidades de Anglet e Biarritz. Eles exigem melhores condições de
segurança nos transportes públicos. “Queremos saber se a pessoa que atacou
nosso colega foi presa e não vamos retomar o trabalho enquanto nao soubermos
isso”, declarou o representante do sindicato CGT, Laurent Weber.
“Há sempre agressões verbais e o clima é bastante tenso há
anos, mais isso foi demais. Não sabemos o que dizer”, completou Joseph Uhart,
do sindicato F.O. Segundo ele, Philippe Monguillot “era um cara íntegro, que
gostava de respeito e não suportava a injustiça”.
A direção da empresa que administra a rede de transportes
públicos na região informou que a greve dos motoristas é “totalmente legítima”.
O prefeito de Bayonne, Jean-René Etchegaray, denunciou um "ato
bárbaro". O ministro francês dos transportes, Jean-Baptiste Djebarri, irá
até a cidade ainda nesta terça-feira se encontrar com os motoristas da região,
onde uma passeata também está prevista – RFI.
Carlos Magno
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