A Secretaria Municipal de Saúde de Patos de Minas informou,
nesta segunda-feira, que está investigando a morte de um conhecido advogado da
cidade, cujas iniciais são J.D. L., de 63 anos que, depois de ser diagnosticado
com a COVID-19, fugiu do hospital.
O advogado morreu por volta das 5h de quinta-feira (9), no
Hospital Vera Cruz. O corpo foi sepultado no mesmo dia, em Patos de Minas, sem
velório, seguindo os protocolos para os casos de coronavírus.
Ainda na madrugada de quarta-feira, o paciente recebeu o
diagnóstico da COVID-19. Logo após, mesmo infectado com a doença, ele deixou o
Hospital Vera Cruz, onde estava internado. Funcionários da unidade hospitalar
acionaram a Polícia Militar, e ele foi encontrado próximo à orla da Lagoa
Grande, na região Central da cidade. No momento, um irmão do paciente o
convenceu a voltar ao hospital.
Na manhã do mesmo dia, o advogado recebeu alta. Porém, por
volta das 21h, apresentou dificuldades respiratórias. Foi socorrido pelo
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (Samu). De acordo com o
irmão, que é pastor evangélico, o advogado chegou a ser intubado pelos médicos,
mas apresentou uma parada cardiorespiratória e não resistiu.
A investigação agora é para que se chegue à real causa da
morte. Segundo autoridades do município, o diagnóstico final será de
responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde, que receberá toda a
documentação e prontuário do paciente, a ser encaminhada pela Vigilância
Epidemiológica Municipal de Patos de Minas.
Família
Nesta segunda-feira, a reportagem entrou em contato com o
Hospital Vera Cruz, que informou que não iria se manifestar. O pastor
evangélico esclareceu que o advogado, depois de ter teste positivo para o
coronavírus, fugiu do hospital porque sofreu uma crise de ansiedade e um surto
devido a um quadro de depressão que enfrentava.
Ele fez questão de ressaltar as qualidades do irmão, que
deixou três filhos. "Não morreu (apenas) um advogado. Morreu um ser humano
que tinha formação em advocacia, homem de respeito. Morreu um homem
íntegro", afirmou. O líder religioso ainda disse que outras pessoas da família
também foram contaminadas pelo coronavírus, mas foram tratadas, cumpriram o
isolamento e já estão recuperadas.
Em áudio, um filho do advogado disse que o pai lutava contra
uma depressão havia anos. Mas fora isso, estava sadio, "trabalhando
pouco" e tentando se aposentar.
"Inicialmente, ele se isolou. Depois, se expôs ao
vírus. Infelizmente, parece que não
acreditou muito que era real esse vírus. E ele é real. A gente tem que se
proteger. Ele (o coronavírus) não tem cor, não tem cheiro... Devastou o pulmão
do meu pai (...)", lamentou o rapaz, que segue a carreira de advogado do
pai.
Ainda no áudio, o filho reclamou da condição das famílias
das vítimas da COVID-19, impedidas de realizar velórios, para evitar a
transmissão. "A doença é tão ruim, tão ordinária, que tira até a dignidade
de se (realizar) um velório. Ela tira a dignidade da família. A família não
pode se despedir (do ente querido). Só eu que vi meu pai naquela situação muito
triste", lamentou.
A situação da
COVID-19 em Patos de Minas
De acordo com o
último boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Patos de Minas, divulgado
sexta-feira (10), a cidade, de 152,48 mil habitantes, tem 720 casos confirmados
da COVID-19, com sete mortes confirmadaas por causa da doença. 289 pessoas já
se curaram no município, que tem 47 pessoas internadas com coronavirus,
das quais 14 em leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) – EM.
Carlos Magno
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