O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro
Guimarães, afirmou nesta terça-feira (21) que “centenas de milhares” de contas
poupança digital do banco, movimentadas pelo Caixa Tem e usadas para o crédito
do Auxílio Emergencial, foram suspensas por suspeita de fraude.
"Todos os bloqueios são suspeita de fraude",
afirmou Guimarães em entrevista ao portal InfoMoney. "Suspendemos centenas
de milhares de contas sim, e nesse momento as pessoas podem pedir o
desbloqueio". Ainda segundo Guimarães, o total de contas bloqueadas seria
equivalente a cerca de 5% do total de aprovados.
De acordo com o executivo, as pessoas que tiveram a conta
bloqueada terão que comparecer a uma agência da Caixa e comprovar sua
identidade. "Quando a pessoa vai à agência e mostra que é ela mesma, nós
liberamos rapidamente. Se ela não for, ficará sim bloqueado, porque essa
questão de fraude nesse momento de pandemia é inaceitável", disse.
Guimarães apontou que a origem de fraude se deu no início
dos cadastramentos do Auxílio Emergencial. De acordo com ele, como muitas
pessoas não possuíam celular, a Caixa permitiu que um celular abrisse mais de
uma conta, o que foi o "cerne da fraude".
"Temos as provas de que a grande maioria foram
utilizadas por hackers. Mas algumas pessoas são pessoas honestas que foram
penalizadas", afirmou.
Ele apontou, no entanto, que os responsáveis já foram
identificados, "e rapidamente serão penalizados".
Questionada pelo G1, a Caixa informou que o aplicativo Caixa
Tem "possui múltiplos mecanismos integrados de segurança, mantendo-se
inviolável e seguro", e recomendou que os beneficiários utilizem apenas
aplicativos oficiais da Caixa e não compartilhem informações pessoais. Segundo
o banco, o bloqueio preventivo é feito para proteger os clientes.
Ainda segundo a Caixa, os trabalhadores que tiveram as
contas suspensas receberão a mensagem “Procure uma agência da CAIXA com seu
documento de identidade para regularizar seu cadastro”, e que devem seguir essa
orientação para a regularização do acesso e conta.
"O banco esclarece que informações sobre eventos
criminosos são repassadas exclusivamente às autoridades policiais, e ressalta
que presta irrestrita colaboração nas investigações", apontou a CEF em
nota.
O G1 questionou também o número exato de contas bloqueadas
por suspeita de fraude, mas não obteve retorno até a última atualização desta
reportagem.
Reclamações
Beneficiários do Auxílio Emergencial e do saque emergencial
do FGTS estão relatando dificuldades para acessar os recursos por meio do
aplicativo Caixa Tem. Nas redes sociais, há relatos de pessoas que não estão
conseguindo acessar o Caixa Tem, seja para usar o dinheiro do auxílio
emergencial ou do FGTS, seja para acessar o saldo, e falam ainda da demora para
concluir uma simples transação de compra usando o próprio app. E que a fila
virtual de acesso persiste.
Volume grande de
acessos
Na segunda-feira (20), a Caixa informou ao G1 que, devido ao
grande volume de acessos simultâneos nesta segunda-feira com o pagamento do
Fundo de Garantia para os nascidos em abril, o aplicativo FGTS apresentou
intermitência no início da manhã, mas já voltou a ficar estável. "Os
recursos disponíveis aos trabalhadores com direito ao saque emergencial de até
R$ 1.045 seguiram podendo ser consultados normalmente no aplicativo Caixa Tem e
no site fgts.caixa.gov.br", afirmou em nota.
O banco afirma que tem feito melhorias contínuas no Caixa
Tem, otimizando soluções e infraestrutura para melhor atender a todos os
brasileiros, e que houve diminuição no tempo médio de espera virtual para
acessar o aplicativo para cerca de 5 minutos. Caso o usuário não consiga
visualizar o saldo de sua conta, a orientação é procurar uma agência da Caixa
para atualização cadastral.
O app Caixa Tem foi criado para os beneficiários do Auxílio
Emergencial sem conta em banco poderem ter o pagamento do benefício, por meio
da poupança social digital. Depois o acesso foi estendido para todos os
beneficiários, mesmo aqueles com conta bancária, para que pudessem receber o
Auxílio em um primeiro momento, para fazer compras e pagamentos, até o saque
ser autorizado.
Os problemas relatados com o aplicativo Caixa Tem começaram
ainda no mês passado, quando a Caixa Econômica Federal incluiu o pagamento do
FGTS no app que dá acesso ao uso da poupança social digital.
Sem acesso
Nascida em abril, Julianni Oliveira, de 20 anos, deveria
receber o dinheiro do FGTS nesta segunda-feira (20). O montante já foi retirado
da sua conta do fundo, mas ela relata que não consegue utilizar o aplicativo.
Situações como a de Julianni se repetem em relatos nas redes
sociais. Há casos de beneficiários nascidos em janeiro que tiveram o dinheiro
do FGTS debitado da conta do fundo de garantia - mas no app aparece saldo
zerado.
Outros relatos mostram que o dinheiro do FGTS saiu do fundo,
mas no app Caixa Tem vem a mensagem "Verifique sua solicitação", como
é o caso de Julianni Oliveira. E, depois vem a mensagem de que a pessoa não tem
direito ao dinheiro.
Kyron Dias, de 31 anos, também deveria receber nesta segunda
os recursos do FGTS, mas não consegue acessar o aplicativo Caixa Tem. Sem
acesso ao app, ele acompanhou a movimentação por meio do aplicativo do FGTS. E
por lá ele soube que a sua conta poupança foi criada para receber os recursos
do fundo.
Trabalhadores também relatam problemas com o Auxílio
Emergencial, como demora para o recurso cair na poupança social digital ou
mensagem de que a conta não foi localizada no aplicativo, sendo que outras
parcelas do benefício haviam sido pagas anteriormente.
Leuciene Cristiane de Oliveira Santos, de 37 anos, tenta há
19 dias acessar o Caixa Tem. Ela recebeu as duas primeiras parcelas do Auxílio
Emergencial, mas não consegue utilizar os recursos da terceira parcela. Ela já
fez uma reclamação na ouvidoria da Caixa e no Banco Central, mas até agora não
teve o seu problema resolvido. Segundo Leuciene, o próprio aplicativo informa
que ela tem de procurar uma agência da Caixa para regularizar a sua situação.
Atualização
No último dia 7, a Caixa Econômica Federal anunciou uma
atualização no aplicativo Caixa TEM para corrigir falhas na ferramenta. O banco
afirmou à época que havia aumentado para 72 horas o período de sessão do
aplicativo nesta nova atualização, o que fez com que o usuário não precisasse
entrar novamente na fila de acesso para uma nova operação – G1.
Carlos Magno
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