Uma explosão na região portuária de Beirute deixou ao menos
78 mortos e cerca de 4 mil feridos nesta terça-feira (4), segundo a contagem
oficial do governo do Líbano. A suspeita é que a explosão tenha partido de um
armazém que guardava nitrato de amônio, um tipo de fertilizante.
O presidente do país, Michel Aoun, disse que a capital deve
declarar estado de emergência para as próximas duas semanas e defendeu ser
"inaceitável" que 2.750 toneladas de nitrato de amônio fossem
armazenadas por seis anos em um depósito sem a segurança necessária.
"Há muitos desaparecidos. As pessoas estão perguntando
ao departamento de emergência sobre seus parentes e é difícil procurar à noite
porque não há eletricidade", disse ministro libanês da Saúde, Hamad Hasan
à agência de notícias Reuters.
"Estamos diante de uma verdadeira catástrofe e
precisamos de tempo para avaliar a extensão dos danos" – Hamad Hasan, ministro
da Saúde
Apesar de o país já ter sido alvo de terroristas e viver
período de instabilidade política, não há evidência de que se trate de um
atentado terrorista.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, disse em um
pronunciamento que o país enfrenta uma catástrofe e declarou luto oficial de
três dias. Ele disse também que o governo irá investigar os responsáveis pelo
armazém que funcionava no porto da capital desde 2014.
"Eu prometo que esta catástrofe não passará sem que os
culpados sejam responsabilizados. Os responsáveis pagarão o preço" –
Hassan Diab, primeiro-ministro
O nitrato de amônio, por si só, é relativamente pouco
explosivo – mas tem grande potencial explosivo. Ele se apresenta como um pó
branco ou em grânulos solúveis em água e é seguro, desde que não aquecido. A
partir de 210 °C, decompõe-se e, se a temperatura aumentar para além de 290 °C,
a reação pode tornar-se explosiva.
Um incêndio, tubos superaquecidos, fiação defeituosa ou
relâmpagos podem ser suficientes para desencadear tal reação em cadeia.
Ouvida a mais de 200
km
A explosão no porto causou destruição em larga escala e
quebrou o vidro de janelas a quilômetros de distância. Alguns barcos que
navegavam próximos à costa do Líbano chegaram a ser balançados pela força da
explosão. As explosões chegaram a ser ouvidas em Larnaca, no Chipre, a pouco
mais de 200 km da costa libanesa.
O chefe de segurança interna do Líbano, Abbas Ibrahim, disse
em entrevista a uma rede de televisão que a explosão aconteceu em uma área que
armazena materiais altamente explosivos, o nitrato de amônio, mas que não são
explosivos em si.
Uma embarcação da Força Interina das Nações Unidas no Líbano
(UNIFIL) foi danificada após a explosão no porto. Em um comunicado, os
capacetes azuis informaram que alguns membros da missão de paz se feriram e
foram transferidos para hospitais do país.
Segundo a Cruz Vermelha, barcos foram mobilizados para
resgatar pessoas que foram jogadas ao mar após a explosão. Também segundo a
organização humanitária, ainda há gente presa nos escombros e dentro de suas
casas.
A emissora libanesa LBCI informou que o hospital Hôtel-Dieu
de France, no centro da capital libanesa, atende a mais de 500 feridos. O
governo da capital pede que os feridos sejam levados para atendimento em centros
de saúde de fora da cidade – G1.
Carlos Magno
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