Uma simples desatenção no cuidado com crianças pequenas
dentro de casa pode ser fatal. Foi o que aconteceu com a autônoma Lana Souza,
de 19 anos, que perdeu seu filho após complicações causadas por queimaduras de
2º grau, no último dia 18 de julho, no Rio de Janeiro.
Natural de Marabá, no Pará, relatou para a revista Crescer
que Calebe Henrique, de um ano e cinco meses, sofreu queimaduras após uma
panela de sopa quente cair sobre ele. Socorrido para o hospital, o menino
passou por complicações e morreu no último dia 15 de agosto.
“O acidente aconteceu no dia 18 de julho, por volta das 19
horas. Eu estava fazendo uma sopa para nós jantarmos. Em casa, só estávamos eu
e meu filho. Eu tirei a roupa dele para dar banho e o deixei no quarto para ir
ao banheiro. Sai do banheiro e pensei que ele estaria no quarto. Nesse dia, ele
não foi atrás de mim. Foi direto para o canto da pia. Logo depois, ouvi um
barulho e quando me virei só vi a panela de sopa caindo em cima dele.
Eu tenho um fogão portátil de duas bocas e sempre coloco no
local mais alto. Neste dia, coloquei na pia, mas meu filho acabou puxando a
mangueira de gás e o fogão veio junto e o queimou, derramando a panela de sopa
nele. Por causa das queimaduras de 2º grau, ele teve 35% do corpo queimado,
fomos direto para o hospital.
Foi uma das piores noites da minha vida. No hospital, ele
foi medicado, mas ficou na enfermaria. Pior noite! Meu filho se mexia no meu
colo e as bolhas estouravam. Não gosto nem de dar detalhes.
Os médicos me disseram que era grave. Ele tomava um
medicamento e as dores dele não passavam. E eles não faziam nada para tentar
ajudar. Via meu filho ali, naquele hospital público [Hospital Municipal Pedro
II, Santa Cruz, Rio de Janeiro], com enfermeiras sem empatia. Briguei com uma
médica que trocou de plantão e nem olhou na cara das mães. Meu filho ficou
gemendo de dor. E as enfermeiras me diziam que não poderiam fazer nada. Só me
falavam o básico ou quando as coisas pioravam.
Lembro como hoje, quando meu filho saiu de uma UTI [Unidade
de Terapia Intensiva] e foi para UI [Unidade de Internação], onde a gente só
via as enfermeiras na troca de plantão ou na hora dos medicamentos. Os médicos
só iam, examinava e pronto. Ele passou cinco dias lá e, nesses dias, nada de
exame de sangue. Depois que trocou o plantão, uma médica, que era coordenadora
do andar, foi examiná-lo. O acesso dele estava inflamado e infeccionado. Só
tiraram a sonda, porque eu pedi, pois estava impedindo de ele fazer xixi. Ele
estava assado e as enfermeiras não limpavam seu acesso todo dia.
Quando ele voltou para UTI, já tinha duas bactérias, uma
anemia e uma pneumonia. Meu filho passou 10 dias sem comer! Eu reclamava com os
médicos, porque ele só estava tomando leite puro e muito pouco. Esperaram, o
Calebe desenvolver uma anemia para colocar uma sonda gástrica nele. Ele fez uma
tomografia e só tivemos o resultado cinco dias depois.
Com o tempo, ele começou a se recuperar, mas devido às dores
decidiram dar morfina para o meu filho. Quando ele começou a tomar esse
medicamento, teve insuficiência respiratória. Então, tiveram que entubá-lo. Os
médicos me falavam que ele estava bem, respondendo bem aos medicamentos. Mas do
nada, a médica me disse que ele teve uma parada cardíaca e que durou entre 15 a
20 minutos para voltar.
Quando meu filho voltou, ele fez mais uma tomografia, mas os
médicos não encontraram nada. Eles não me explicaram sobre essa parada cardíaca
e nem me disseram o porquê aconteceu. As queimaduras ajudaram a contrair a
bactéria, porque ele estava exposto ali, e ela foi parar na corrente sanguínea
dele, essa bactéria vai atingindo os órgãos, (pulmão, coração, rins, e
cérebro). A hemorragia intestinal, eles não me explicaram o motivo. Até hoje,
não sei! Mas, a negligência naquele hospital foi muito grande. Por meio dessa
parada cardíaca, o cérebro dele fico sem oxigênio e sem sangue. Ele veio a
óbito por morte cefálica.
Peço que todas as mães tomem cuidado, porque todo cuidado do
mundo é pouco. As crianças são rápidas e ingênuas. Cuidem com todo cuidado do
mundo. Não deixem seus bebês perto de perigos, larguem tudo para olhá-los.
Deixe a comida de lado, celular de lado, panela de lado, marido de lado. O que
importa são os nossos tesouros”.
Em nota, a Secretaria
Municipal de Saúde do Rio de Janeiro se pronunciou sobre o caso:
A direção do Hospital
Pedro II se solidariza com a família do pequeno Calebe nesse momento de dor com
a morte da criança após um trágico acidente doméstico. É preciso esclarecer que
a criança, de apenas 1 ano e 3 meses, chegou ao hospital com ferimentos muito
graves, após a criança puxar a borracha do fogão, que caiu sobre ele junto com
uma panela com liquido superaquecido.
O menino chegou à
emergência pediátrica do hospital Pedro II no dia 18 de julho, com extensa
queimadura de segundo grau e profunda na cabeça ( do couro cabeludo à face),
todo tronco posterior, braço direito, ombro esquerdo e mãos.
No dia 26, Caleb teve
febre e apresentou alterações clínicas e laboratoriais compatíveis com
infecção. Apesar dos esforços da equipe médica, a criança não respondeu aos
antibióticos usados para combater a infecção. A criança foi entubada e tratada
com antibióticos mais potentes, o que permitiu a retirada do tubo no dia 4 de
agosto, mas, Infelizmente, teve nova piora e sofreu parada cardiorrespiratória
súbita, seguida de morte encefálica.
Durante toda
internação, os pais do menino foram informados de cada detalhe do caso e sobre
o tratamento da criança. O corpo do menino foi encaminhado ao Instituto
Médico-Legal, responsável por determinar a causa da morte. A direção da unidade
segue à disposição dos familiares para esclarecer eventuais dúvidas que ainda permaneçam
sobre o atendimento – Istoé.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar pum pode prevenir câncer, AVC,
ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo de universidade do Reino Unido
- Assassinato de moradores de rua em
Campina Grande-PB gera comoção: radialista faz artigo em homenagem a
"Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de Medicina no campus de
Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de 20 minutos em fila de
banco na Paraíba receberá indenização
- Jovem forja a própria morte para saber
"quais pessoas se importariam com sua ausência" e vem a público pedir
desculpas