O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) apresentou na última terça-feira
(29) em depoimento à Polícia Federal informações que vinculariam diretamente o
deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, ao
esquema que difunde conteúdo falso na internet, as chamadas "fake
news".
A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo jornal
"Folha de S.Paulo". A TV Globo teve acesso ao depoimento, dado por
Frota como parte do inquérito da Polícia Federal que investiga os organizadores
e financiadores de atos antidemocráticos.
Até a última atualização desta reportagem, a TV Globo não
tinha conseguido contato com deputado Eduardo Bolsonaro.
Segundo Alexandre Frota, Eduardo Bolsonaro estaria envolvido
com a orientação e a divulgação dos atos, alguns dos quais pediam fechamento do
Congresso, do Supremo Tribunal Federal e intervenção militar.
De acordo com os dados apresentados por Frota, os
computadores de onde partiram orientações para os atos estão relacionados a
endereços de Eduardo Bolsonaro ou de assessores dele.
No depoimento à PF, Frota também apontou envolvimento de
outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), do Rio
de Janeiro.
Indagado pela PF, o deputado Frota disse que o chamado
"gabinete do ódio" atuava para incitar animosidade entre as Forças
Armadas, o STF e o Congresso e era voltado a impedir o livre exercício dos
poderes, conforme conteúdos preservados na investigação da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito que investiga mensagens falsas e ataques virtuais, a chamada
CPI das Fake News.
O deputado disse que as ações tinham também o objetivo de
atingir a honra dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do
Supremo.
"Indagado se tem conhecimento de que tal estrutura ou
as ações decorrentes foram, de qualquer forma, dirigidas a tentar impedir, com
emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos poderes
da União ou dos estados, respondeu que sim, conforme conteúdos preservados na
investigação da CPMI, como exemplo o sequestro simulado do ministro Gilmar
Mendes [do STF] com utilização de boneco", diz o texto do relatório da PF
sobre o depoimento.
Ainda no depoimento, Frota apontou um homem que seria
assessor do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) como um dos responsáveis pela
organização do ato antidemocrático em frente ao quartel-general do Exército, em
abril, e do disparo de fogos de artifício em direção ao prédio do STF, em
junho. O deputado declarou à PF que procurou Otoni de Paula e, segundo afirmou,
o colega disse conhecer o homem mas negou que fosse seu assessor.
Segundo Frota afirmou à PF, as informações que forneceu
constam em documentos produzidos pela CPI das Fake News. Investigadores
afirmaram que, embora o depoimento tenha sido colhido no âmbito do inquérito
que apura os atos antidemocráticos, será compartilhado com o inquérito das fake
news, que investiga ofensas e ameaças a ministros do STF – G1.
Carlos Magno
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