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05/12/2020

74% dos pacientes com câncer interromperam tratamento na pandemia; média de biópsias para identificar a doença também caiu


O medo de contágio do novo coronavírus fez com que 74% dos pacientes que têm câncer interrompessem o tratamento durante a pandemia. O dado foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

 

De acordo com o levantamento, os oncologistas entrevistados tiveram um ou mais pacientes que interromperam ou adiaram o tratamento por mais de um mês. Além disso, as sociedades brasileiras de Patologia e Cirurgia Oncológica calcularam que, somente entre março e maio deste ano, 50 mil pessoas deixaram de realizar exames para a identificação da doença no país.



 

Carlos Teixeira, coordenador da oncologia torácica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, alerta ainda que pessoas com tumores de pulmão e hematológicos têm maior risco durante a pandemia. "O câncer, em qualquer localização, já torna o paciente mais vulnerável à infecção pelo novo coronavírus, por conta da queda da imunidade. Os pacientes com tumores de pulmão e hematológicos são ainda mais suscetíveis a apresentarem complicações mais graves caso não tenham o acompanhamento médico adequado", ressalta.

 

O câncer não espera o fim da covid-19. A recomendação dos oncologistas é de que o rastreamento e tratamento não parem em função da pandemia. "É preciso se adaptar aos novos tempos e não deixar a saúde de lado. A nossa recomendação é que o paciente tome todos os cuidados e siga as recomendações de saúde, como sempre usar as máscaras de proteção e também higienizar as mãos constantemente", lembra o médico Carlos Teixeira. Além dos cuidados pessoais, é importante estar atento se a unidade de saúde segue também todos os protocolos de segurança.

 

No caso dos tumores de pulmão, a procura por ajuda teve uma queda de 30% em 2020, segundo o Radar do Câncer, iniciativa do Instituto Oncoguia, disponível no portal. Neste ano, uma média de 6.697 pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) iniciaram tratamento sistêmico para o câncer de pulmão, ante a média nos últimos quatro anos de 9.650 pacientes/ano.

 

“Mais uma vez os dados nos mostram o quanto a pandemia afetou o cenário do câncer no Brasil e agora os de pulmão”, explica a fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

 

Apesar de ser responsável por uma em cada cinco mortes por câncer no Brasil, ainda há dificuldade em conseguir identificar precocemente a doença que, quando diagnosticada na fase inicial, tem maior taxa de sobrevida. Na pandemia, a média dos procedimentos de biópsias de pulmão caiu 25,6% quando comparado os meses de março a agosto de 2019: no ano passado, foram realizadas 1.190 biópsias contra 885 no mesmo período de 2020. “Com esse cenário, os casos acabarão sendo diagnosticados tardiamente, quando a doença estiver mais avançada”, afirma o oncologista e diretor científico do Oncoguia, Rafael Kaliks – Estadão.

 

Carlos Magno

 

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