A Justiça do Rio quebrou os sigilos bancário e fiscal de
sete empresas relacionadas a Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do
presidente Jair Bolsonaro, além de contas pessoais dela.
O Ministério Público suspeita que as empresas tenham sido
usadas para ocultar dinheiro de suposta prática de rachadinha no gabinete do
vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Ana Cristina foi chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro entre
2001 e 2008.
Foto: Reprodução/TV Globo
Empresas ligadas a ela, segundo o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), realizaram movimentações financeiras
consideradas atípicas, o que reforça “a hipótese de que [essas empresas] possam
ter sido utilizadas para ocultação do desvio dos recursos públicos oriundos do
esquema da rachadinha na Câmara de Vereadores”.
Ana Cristina Siqueira Valle é mãe de Jair Renan, o filho
“04” do presidente Jair Bolsonaro.
Conforme a GloboNews noticiou com exclusividade na última
terça-feira (31), a 1ª Vara Criminal Especializada de Combate ao Crime
Organizado determinou a quebra dos sigilos de 27 pessoas, entre elas do
vereador Carlos Bolsonaro. A decisão é do dia 24 de maio.
Ana Cristina foi chefe do gabinete de Carlos Bolsonaro entre
2001 (quando ele assumiu seu primeiro mandato na Câmara de Vereadores) até
2008, quando ela se separou do então deputado federal Jair Bolsonaro.
Em relação à empresa Valle Ana Consultoria e Serviços de
Seguros Ltda., da qual Ana Cristina possuía participação de 90%, o MP afirma
que mais da metade dos débitos da conta bancária consistiram em saques de
dinheiro em espécie, que totalizaram mais de R$ 1,1 milhão entre 2007 e 2015.
Sobre a empresa Totalvox Comunicações, o Coaf apontou
movimentações “incompatíveis com a capacidade financeira declarada” e também
diversos “pagamentos e transferências envolvendo pessoas físicas, sem causa
aparente, dificultando a identificação da origem e destinação de parte dos
recursos”.
Dinheiro vivo
Ao longo de 20 anos como vereador, Carlos Bolsonaro teve
dezenas de assessores. O Ministério Público suspeita que alguns deles tenham
sido "fantasmas" para desviar salários.
Os promotores citam semelhança do modus operandi da
"rachadinha" que também ocorreria no gabinete do então deputado
estadual do RJ Flávio Bolsonaro, o irmão mais velho.
A prática se dá com saques de dinheiro em espécie das contas
de assessores "fantasmas" que são entregues a um funcionário de confiança.
O dinheiro vivo é, então, usado para pagar despesas ou
adquirir bens para o parlamentar.
O Ministério Público identificou que Carlos Bolsonaro usou
grandes quantias de dinheiro vivo em pelo menos três oportunidades:
- R$ 150 mil para compra de apartamento na Tijuca, em 2003
- R$ 15,5 mil para cobrir prejuízo na Bolsa de Valores, em
2009
- R$ 20 mil guardados em casa, de acordo com declaração dada
ao TSE no ano passado
Chefe de Gabinete
Ana Cristina Siqueira Valle é apontada como integrante de um
dos seis núcleos do suposto esquema. Desde junho, Ana Cristina e Jair Renan
moram em uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões no Lago Sul, área nobre de
Brasília (veja no vídeo acima).
O aluguel de casas vizinhas à da ex-mulher do presidente da
República e de Jair Renan é de cerca de R$ 15 mil por mês. Ana Cristina pagaria
R$ 8 mil, mais do que o salário de R$ 6,2 mil que recebe como assessora da
deputada federal Celina Leão, do Progressistas.
Ana Cristina também foi alvo de comunicações do Coaf. O
documento revela que, durante o período em que esteve à frente do gabinete de
Carlos Bolsonaro, ela recebeu "depósito de elevadas quantias de dinheiro
em espécie em sua conta bancária".
Em 2011, ela recebeu depósitos de R$ 191 mil e R$ 341 mil.
Em conta, ela tinha R$ 602 mil. Segundo o Coaf, o valor é incompatível com sua
renda.
O que dizem os
citados
O advogado Magnum Cardoso, que defende Ana Cristina,
informou que vai manifestar somente nos autos do processo, uma vez que o mesmo
tramita em segredo de justiça.
O advogado Antonio Carlos Fonseca, em nota, esclareceu que
teve o pedido para ter acesso aos na noite desta quarta-feira (02), e que as
informações serão analisadas e eventuais esclarecimentos serão apresentados no
momento oportuno – G1.
Carlos Magno
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