Técnicos do Ministério da Economia têm alertado o presidente
Jair Bolsonaro há pelo menos três meses de que um eventual reajuste linear para
servidores federais não caberá no Orçamento de 2022, mesmo com a abertura de
espaço fiscal promovida pela eventual aprovação do PEC dos Precatórios.
Nesta terça-feira, porém, no Bahrein, Bolsonaro voltou a
falar em conceder reajuste para os servidores. Ele já havia feito declaração
neste sentido na segunda-feira, em Dubai.
Foto: Annie Zanetti/TV Brasil
Cálculos da área econômica são de que um reajuste linear de
5%, por exemplo, representaria R$ 15 bilhões nas contas federais. Já um
percentual que venha a repor a inflação de 2021, próxima de 10%, custaria o
mesmo que o antigo Bolsa Família.
Segundo relato de fontes econômicas ao blog, os números foram
apresentados a Bolsonaro em recente reunião no Planalto.
Além do Auxílio Brasil de R$ 400, que consumiria em torno de
R$ 50 bilhões, boa parte da sobra no teto de gastos terá que ser direcionada
para cobrir as despesas afetadas pela inflação mais alta, que irá levar à
correção de benefícios previdenciários e do salário mínimo, por exemplo.
Bolsonaro seguia insistindo, contudo, que não poderia passar
os quatro anos de mandato sem dar reajustes aos servidores.
Policiais
Já era discutida a possibilidade de destinar em torno de R$
1,5 bilhão para a reestruturação da carreira de policial federal, o que, na
prática, representaria reajuste para a categoria que o presidente quer ter ao
seu lado até a eleição de 2022.
A reestruturação também ajudaria o ministro da Justiça,
Anderson Torres, que deseja concorrer a uma vaga de deputado federal pelo
Distrito Federal - domicílio eleitoral de boa parte da categoria.
Dentro do governo, Bolsonaro é alertado que, se privilegiar
somente uma categoria, a de policiais, vai angariar ainda mais desaprovação
entre outras categorias.
Ao longo do governo, Bolsonaro privilegiou reestruturações e
aumentos salariais e de benefícios a servidores de categorias que
tradicionalmente o apoiam, como militares e policiais.
A necessidade de ampliar sua base de apoio levou Bolsonaro a
trazer a ideia de volta à mesa. No Congresso, parlamentares também acreditam
que a promessa de reajuste de salários também pode ajudar a angariar mais apoio
para a aprovação da PEC, prestes a passar por mudanças no Senado – g1.
Carlos Magno
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