Após cinco horas e meia de depoimento, Jair Renan Bolsonaro,
filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), deixou a Superintendência da Polícia
Federal, na noite desta quinta-feira (7/4). A corporação apura a possível
prática dos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
O filho do presidente chegou a pé no local da oitiva, por
volta das 16h, com quase duas horas de atraso, acompanhado do advogado da
família Bolsonaro, Frederick Wassef. O defensor afirmou que o filho do
presidente é vítima de fake news.
Foto: Reprodução/Instagram
"Renan Bolsonaro nunca ganhou nenhum carro, não ganhou
nada de ninguém. Até a presente data ele não tem qualquer carro. Renan
Bolsonaro nunca organizou reunião em nenhum ministério", disse Wassef.
Segundo o advogado, Jair Renan não irá se manifestar por
orientação jurídica. Ele ainda atribuiu a investigação a um plano da oposição
para atingir o governo. Wassef ainda garantiu que o filho do presidente
autorizou a quebra do sigilo bancário.
"Não há nem o que se falar de lavagem de dinheiro. Isso
beira uma piada. Na verdade, essa investigação nasce por requerimento de
parlamentares comunistas da esquerda que não param de atacar o presidente Jair
Bolsonaro", disse.
"Ele deixou consignado hoje a autoridade policial
federal que abre mão de seu sigilo, que podem quebrar o seu sigilo bancário e
fiscal", afirmou o advogado.
De acordo com a investigação da PF, Jair Renan teria atuado
junto ao governo em benefício da própria empresa. O inquérito foi aberto em
março de 2021, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), com base em
denúncia apresentada por parlamentares de oposição a Bolsonaro.
A PF tentava ouvir Jair Renan há quatro meses. Ele já havia
sido intimado em dezembro, por meio da sua defesa, mas não compareceu ao
depoimento.
O documento do inquérito indica que houve associação do
filho do presidente com outras pessoas "no recebimento de vantagens de
empresários com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública
Federal e Distrital sem aparente contraprestação justificável dos atos de
graciosidade. O núcleo empresarial apresenta cerne em conglomerado
minerário/agropecuário, empresa de publicidade e outros empresários".
Entenda o caso
A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, empresa de Jair Renan, foi
criada no fim do ano passado. A produtora que prestava serviços para o governo
federal bancou a cobertura de fotos e vídeos na festa de inauguração do
empreendimento.
A PF investiga se a empresa foi criada para promover
articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, grupo empresarial
que atua nos setores de mineração e construção, e o ministro do Desenvolvimento
Regional, Rogério Marinho.
Outro ponto que chamou atenção dos investigadores foi que o
grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção — e tem
interesses junto ao governo federal — presenteou Jair Renan e o empresário
Allan Lucena, um dos parceiros comerciais do filho do presidente, com um carro
elétrico avaliado em R$ 90 mil – EM.
Carlos Magno
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