O ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Eduardo
Cunha (PTB) afirmou que está de volta, após ter a prisão revogada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). Após recuperar os direitos políticos, ele anunciou que
vai concorrer para deputado federal no estado de São Paulo. Cunha disse,
também, já ter um candidato para presidente nas eleições de 2022: Jair
Bolsonaro. “Vou votar no Bolsonaro e já estou decidido”.
Em entrevista ao CB.Poder, nesta quarta-feira (11/5), ele
confirmou sua pré-candidatura. “Eu vou concorrer. Eu mudei meu domicílio
eleitoral para São Paulo por motivos familiares, mas também porque São Paulo é
o berço do Brasil. Tudo que acontece lá impacta no Brasil como um todo. São
Paulo também é o berço do petismo, então a minha luta e a disputa será contra o
PT”, afirmou.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Aposta em Bolsonaro
O pré-candidato do PTB a deputado por São Paulo disse ter a
impressão de que a disputa pelo Planalto será decidida no estado. Ele afirmou
que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ganhar no Nordeste, mas
perder nas regiões Norte e Sul. Centro-Oeste e Sudeste, segundo ele, serão as
regiões mais acirradas.
Cunha garante, ainda, já ter um candidato para presidente
nas eleições de 2022: Jair Bolsonaro. “Vou votar no Bolsonaro e já estou
decidido. O PTB deve ir com ele e não posso falar pelo PTB, mas eu vou votar no
Bolsonaro por diversas razões. A principal razão é que você tem uma eleição. Eu
tenho escrito sobre isso no próprio livro, eu abordo esse processo político
atual.”
Em 9 de junho de 2021, o ex-presidente da Câmara Eduardo
Cunha lançou, junto da filha Danielle Cunha, o livro Tchau, querida: o diário
do impeachment. A obra traz histórias sobre os bastidores e as ações que
levaram ao impeachment da ex-presidente.
“Não há jeito. Você tem o petismo e o antipetismo, e
Bolsonaro transformou o antipetismo no bolsonarismo. Então, nós passamos a ter
duas pontas muito fortes que estão bem delineadas no eleitorado brasileiro.
Você não vai conseguir quebrar o petismo para o lado da esquerda e não vai
conseguir quebrar o bolsonarismo pelo centro ou pela direita”, explicou.
Para Cunha, a opção é Bolsonaro “porque ele é o papel do
antipetismo que a gente tem no Brasil e ele é a sua própria vertente política
que ele conseguiu criar, que é o bolsonarismo”.
Ascensão e queda
Eduardo Cunha começou a construir sua força na Câmara logo
em seu primeiro mandato como deputado federal e quando era líder do PPB,
partido ao qual era filiado em 2003 e pelo qual também foi deputado estadual.
Foi no PMDB, ao qual aderiu naquele mesmo ano, e durante os
governos do PT, que o deputado acelerou sua ascensão política. Ganhou destaque
no segundo mandato de Lula como aliado próximo do então líder do PMDB, Henrique
Eduardo Alves (RN), deputado mais longevo da Câmara à época; e também do então presidente
da Casa, Michel Temer (SP), atuando como um de seus principais articuladores.
Na presidência da Câmara, Cunha comandou o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. Ainda naquele ano, foi detido
preventivamente e condenado em 2017 por corrupção passiva, lavagem de dinheiro
e evasão de divisas. Em 2018, a condenação foi confirmada em segunda instância
pelo TRF-4 e Cunha recebeu a pena de mais de 14 anos de prisão.
Em 2020, o ex-deputado recebeu uma segunda condenação no
âmbito da operação Lava-Jato, em primeira instância, por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. Apesar das condenações, a prisão de Cunha ainda era
preventiva, ou seja, o tipo de prisão que acontece durante o andamento de um
processo, antes que haja uma condenação final, sem possibilidade de recurso.
“Eu fiquei quatro anos e meio preso em uma prisão preventiva
, arbitrária, ilegal, declarada por esse juiz considerado parcial (o então juiz
Sergio Moro). Eu fiquei preso por nada. Essa condenação que ele me impôs foi
anulada pelo Supremo Tribunal Federal no dia 14 de setembro do ano passado.”
Cunha afirma que Sergio Moro o usou para tentar passar uma
visão de que era imparcial na atuação como juiz. “Hoje, a gente sabe que o Moro
era o chefe de uma organização política que pode ser considerada criminosa. Ele
está começando a pagar por aquilo que ele praticou e eu espero que ele pague
por tudo”, afirmou.
Clima de tensão
Ao ser questionado sobre o atual período pelo qual o país
passa, Cunha afirmou que vê “espuma demais” e diz não enxergar nenhum risco à
democracia ou de golpe.
“Eu vejo espuma demais e pouco conteúdo. Eu não vejo risco à
democracia, eu nunca vi qualquer tipo de risco ou golpe. Não vi nenhum atentado
contra a democracia sendo feito. Eu tenho uma visão completamente diferente.
Efetivamente, todo mundo tem o direito de querer fiscalizar as urnas
eletrônicas, até porque aquilo que era seguro um dia pode não ser amanhã.
Então, zelar pela segurança da urna todos tem que ter essa preocupação. Não é
um atentado à democracia."
Cunha comentou ainda que Bolsonaro tem uma diferença na
forma de tratar as coisas e carrega uma grande oposição da mídia brasileira
porque ele foi o único presidente que conseguiu substituir a interlocução com a
população por meio da comunicação direta sem ter que ter uma reverberação com a
mídia – Correio Braziliense.
Carlos Magno
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