
Foto: Arquivo Pessoal
A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul
da Bahia, Joneuma Silva Neres, é acusada pelo Ministério Público do estado
(MP-BA) de corrupção, envolvimento com facções criminosas e de ter se
relacionado com um interno do presídio. A informação é do g1.
As informações estão no processo ao qual a TV Bahia obteve
acesso com exclusividade e detalhou no BATV desta quinta-feira (3), quase sete
meses após a fuga em massa de 16 detentos da unidade prisional. A policial
penal, de 33 anos, foi indiciada por facilitar a ação criminosa.
A situação ocorreu em dezembro do ano passado, e até esta
quinta-feira, nenhum dos homens foi recapturado. Apenas um deles foi
encontrado, em janeiro deste ano, no entanto, resistiu e morreu em confronto
com policiais civis.
Além de Joneuma, outras 17 pessoas foram indiciadas pelo
Ministério Público do estado (MP-BA). Entre elas, Wellington Oliveira Sousa,
ex-coordenador de segurança do presídio, cargo de confiança da ex-diretora. Os
dois estão presos.
Joneuma esteve à frente a unidade por nove meses e foi a
primeira mulher a ocupar este tipo de cargo no estado. No entanto, apesar da
representatividade, o que veio à tona após as prisões revela que o conjunto
penal estava sob comando do crime organizado.
O processo mostra que, desde que assumiu o cargo, em março
de 2024, a gestora chamou a atenção das autoridades, muito pelas regalias dadas
aos presos. Segundo informações presentes no documento, ela autorizou a entrada
irregular de roupas, freezers, ventiladores e sanduicheiras.
O ex-coordenador de segurança da unidade foi uma das pessoas
que revelaram as irregularidades. Em um dos depoimentos, Wellington contou que
Joneuma atendia a diversas exigências feitas, principalmente, por Ednaldo
Pereira de Souza, o Dadá, um dos fugitivos.
O homem apontado pela polícia como chefe de uma facção de
Eunápolis, que é ligada a outro grupo criminoso do Rio de Janeiro (RJ). Ele
estava preso na unidade penal até o dia 12 de dezembro, quando aconteceu a fuga
em massa.
Entre as regalias apontadas no depoimento, está o acesso de
visitas. Wellington apontou que a esposa de Ednaldo "passou a ingressar no
conjunto penal, sem qualquer inspeção, mediante autorização da diretora".
Outros relatos indicaram ainda que Joneuma e Ednaldo viveram
um relacionamento amoroso, com relações sexuais, dentro do presídio.
Esse detalhe não foi relatado pelo ex-coordenador de
segurança da unidade prisional, mas Wellington mencionou que Joneuma e Ednaldo
tinham "encontros frequentes, que ocorriam na sala de videoconferências,
sempre a sós, com uma folha de papel ofício obstruindo a visibilidade da porta
pela abertura de vidro".
O homem disse também que "as reuniões eram sigilosas e
geravam estranheza entre os funcionários devido à regularidade e longa
duração".
Quando foi presa, no dia 24 de janeiro deste ano, Joneuma
estava grávida. O bebê nasceu prematuro e segue com ela na cela, no Conjunto
Penal de Itabuna, na mesma região do estado.
Em entrevista à TV Bahia, Jocelma Neres, irmã e advogada de
Joneuma, nega a existência de um caso entre ela e Dadá.
"A gente não sabe quem foi que articulou tudo isso, mas
ela está sofrendo as consequências de um crime que não cometeu. Ela nunca teve
nenhum relacionamento com essa pessoa", afirmou.
A advogada também destaca a preocupação com o sobrinho
seguir no presídio com a mãe. "O presídio não é ambiente para uma criança
recém-nascida e a família está desesperada, sem ter o que fazer. A gente não
tem condições de estar lá com ela, pelo fato de ser uma cidade longe, e não ter
recursos financeiros para estar lá", desabafou.
Já o advogado Artur Nunes, que também representa Joneuma,
explicou por que alguns benefícios eram concedidos aos detentos. "Dentro
de uma unidade prisional, a gente entende, vive muito de negociação, no sentido
de manter, ao máximo, a ordem da unidade prisional, evitar problemas, [evitar]
que conflitos entre eles ocorram", disse.
g1