O deputado federal João Campos (PRB-GO) anunciou que será
candidato à presidência da Câmara na próxima legislatura, com aval de seu
partido, um dos que formaram o bloco que ficou conhecido como Centrão.
A candidatura dele enfraquece o arco de alianças do atual
presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deseja disputar o cargo de novo.
Integrante da bancada evangélica, Campos tem a simpatia do presidente eleito
Jair Bolsonaro.
O parlamentar citou que pretende trabalhar aliado ao
presidente eleito na nota em que se apresentou como candidato oficial do PRB –
o partido é comandado por bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, que se
mobilizou para a apoiar a eleição de Bolsonaro, inclusive com o engajamento de
seu principal líder, Edir Macedo.
Campos é pastor de outra igreja evangélica, a Assembleia de
Deus Vila Nova – também é advogado e atuou como delegado da Polícia Civil de
Goiás até se tonar deputado federal, cargo que ocupa desde 2002 – até 2016, foi
filiado ao PSDB. O líder do PRB,
deputado federal Celso Russomanno (SP), foi sondado para compor a equipe de
governo – pode assumir um ministério -, e declinou do desejo de disputar a
presidência da Câmara, abrindo caminho para a candidatura de Campos.
A aliados de Maia e outros deputados que desejam disputar a
eleição interna da Câmara, o futuro governo tem dito que optará pela
neutralidade e que não vai interferir no Legislativo, não sendo hostil a nenhum
candidato. “Ele (Bolsonaro) disse que está traçando para o PSL não ter
candidato e que não tem resistência ao nome de ninguém”, disse o deputado Fabio
Ramalho (MDB-MG), vice-presidente da Câmara e pré-candidato avulso, depois de
se reunir na quarta-feira, 21, com Bolsonaro.
‘Cura Gay’
A atuação de Campos na Câmara tem sido marcada pela
ideologia conservadora em questões de moral e costumes. Em 2011, por exemplo,
apresentou um projeto de decreto legislativo que retirava a restrição a
psicólogos para promover debates e tratamentos relacionados à homossexualidade.
A proposta criou polêmica porque foi considerada uma espécie de aval à “cura
gay” – no fim, acabou arquivada.
Ele também propôs que entidades religiosas pudessem
apresentar ações diretas de inconstitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal,
o que também foi alvo de críticas porque a iniciativa vai contra a ideia de
estado laico – com Estadão Conteúdo.
Carlos Magno