Convidado pelo ministro da transição e futuro chefe da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, para integrar a equipe de articulação política, o
deputado Danilo Forte (PSDB-CE) é um dos principais defensores de freios à Lava
Jato no Congresso Nacional.
O deputado, que deverá ser responsável pelo relacionamento
com a bancada do Nordeste, tem a legislatura atual marcada pela atuação por
mudanças nas regras da delação premiada.
As negociações do deputado em prol da mudança se dão no
âmbito da comissão especial instalada para analisar mudanças no Código de
Processo Penal.
Em julho do ano passado, o deputado afirmou que os acordos
de delação não deveriam ser submetidos ao juiz apenas no processo final. O
magistrado, na sua opinião, deveria acompanhar todos os passos das tratativas.
"O juiz precisa acompanhar para que não haja uma
benesse, para que o crime compense. O arbítrio não pode ser do MP, ele pode
negociar, mas o juiz tem de acompanhar desde o início", afirmou.
Com isso, o Ministério Público Federal perde força. Dados do
MPF mostram que foram fechados 176 acordos de colaboração premiada até outubro
deste ano.
Onyx é um dos parlamentares citados no acordo de delação da
JBS. De acordo com os colaboradores, ele recebeu 2 repasses, um de R$ 100 mil
em 2014 e outro de R$ 100 mil em 2012. O futuro chefe da Casa Civil já admitiu
ter recebido R$ 100 mil da JBS em 2014 e pediu desculpas.
Convidado por Onyx, Danilo Forte, que não está entre os
alvos da Lava Jato, mudou de partido 3 vezes nos últimos 3 anos. Passou pelo
MDB, PSB, DEM e agora está filiado ao PSDB – HuffPost Brasil.
Resposta do deputado
Danilo Forte
Ao HuffPost Brasil, o deputado afirmou que não é contra a
Lava Jato e explicou que defende a necessidade de um juiz ter autoridade sobre
o processo "para não ser surpreendido pela possibilidade de acordo
ilícito, como no caso dos irmãos da JBS".
Leia a íntegra.
Venho por meio desta
prestar esclarecimentos relacionados ao texto de publicado no HuffPost Brasil
na última quarta-feira (5). Como presidente da Comissão Especial do Novo Código
de Processo Penal conduzi debates com foco na disciplinarização do CPP
apresentando proposições para agilizar processos penais reduzindo a quantidade
de recursos, dar formalidade e hierarquia aos procedimentos, responsabilizar o
juiz pela celeridade do processo e disciplinar a delação premiada para não
ferir o Estado Democrático de Direito. Vale ressaltar que o relator do Projeto
de Lei, deputado João Campos, entregou, na tarde de ontem, ao juiz Sérgio Moro,
futuro Ministro da Justiça, nossa proposta de substitutivo abordando todos
esses temas. Sobre a declaração dada por mim, é importante contextualizar que o
cerne da questão está na necessidade do juiz de ter autoridade sobre o processo
para não ser surpreendido pela possibilidade de acordo ilícito, como no caso
dos irmãos da JBS. Dito isto, esclareço que não sou contra a Lava-Jato, nunca
me posicionei desta forma e não pretendo frear a operação da Polícia Federal,
pelo contrário, fui um dos primeiros a denunciar desmandos dentro do governo
Dilma.
Atenciosamente,
Danilo Forte
Deputado Federal |
PSDB-CE
Carlos Magno