A operação Zaragata da Polícia Federal prendeu a deputada
estadual eleita Ione Pedroso (Solidariedade) nesta sexta-feira (14) em Boa
Vista e outras nove pessoas por suspeita de envolvimento em desvio milionário
de verbas para transporte escolar.
Ao todo, foram expedidos pela 1ª Vara Federal do Estado de
Roraima, 10 mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão. O marido
de Ione, o empresário José Wallace Barbosa da Silva, está foragido.
A deputada eleita foi presa em casa, no bairro Paraviana,
área nobre da cidade, por volta das 7h (9h de Brasília) e levada à sede da PF.
Ela e o marido são suspeitos de envolvimento no esquema. A defesa deles disse
que "não tem nada a declarar".
Ela é a segunda deputada estadual eleita a ser presa pela PF
no estado. Há 15 dias Renan Filho (PRB) foi detido pela polícia por desvio no
sistema prisional na mesma ação que prendeu Guilherme Campos, filho da
governadora Suely Campos (PP), afastada do cargo após o decreto de intervenção
federal em Roraima.
Outros três alvos da ação foram os ex-secretários da Fazenda
Aline Karla Lira de Oliveira e Shiská Pereira e também o servidor público
Thiago Lima Martinez.
Shiská e Martinez já estava presos em razão de outra
operação que investigou desvio na merenda escolar. Os mandados contra eles
foram cumpridos no Comando de Policiamento da Capital (CPC), onde está o
ex-secretário, e na Cadeia Pública, onde está o servidor.
O advogado de Shiská informou que só vai se manifestar
quando tiver acesso aos autos. O G1 tenta contato com a defesa de Aline Karla e
de Thiago Martinez.
De acordo com a polícia, os envolvidos no esquema de desvio
falsificavam documentos de prestação de serviços e licitações. Em só um dos
contratos investigados, orçado em R$ 78 milhões, os pagamentos irregulares
chegavam a R$ 50 milhões. Os envolvidos são servidores e empresários.
"Em alguns casos, certa empresa era contratada para
fazer rotas de transporte já prestadas por outra empresa, a qual efetivamente
prestava o serviço. Ou ainda, uma mesma empresa era contratada várias vezes
para a mesma rota, recebendo vários pagamentos por uma mesma prestação",
detalhou a PF.
Por telefone, o advogado da governadora afastada Suely
Campos (PP), informou que não vai se manifestar porque sua cliente não é alvo
da operação.
Segundo as investigações, empresas responsáveis pelo
transporte também eram obrigadas a repassar até 15% do valor das faturas em
propina para conseguirem ser pagas pelo governo.
As investigações começaram em agosto para apurar
contratações emergenciais do governo por meio de dispensa de licitação com
recursos do Fundeb.
O Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União
e o Ministério Público Estadual de Roraima atuam em conjunto. O nome da
operação faz alusão ao estado de desordem em que se encontra tanto a prestação
dos serviços de transporte quanto os próprios contratos públicos.
Os dois ex-secretários alvos da ação foram afastados dos
cargos em agosto por determinação Tribunal de Contas do Estado (TCE) por
suspeita de irregularidade em contrato de R$ 28 milhões.
Neste ano, uma paralisação de terceirizadas de transporte
escolar que estão sem receber afetou mais de 30 mil alunos, segundo a
Cooperativa do Transporte Escolar de Roraima, levando em alguns casos até mesmo
ao adiamento do ano letivo de 2018 para o ano que vem.
O atraso com fornecedores, terceirizadas e salários de
servidores estão relacionados ao caos finceiro que o estado enfrenta, o que foi
estopim para o presidente Michel Temer (MDB) decretar intervenção federal no
estado.
O governador eleito Antonio Denarium (PSL) foi nomeado
interventor e a governadora Suely foi afastada do cargo até o fim do mandato,
em 31 de dezembro.
Em nota, o governo de intervenção informou que Antonio
Denarium apoia a operação e "espera ainda que todos os indícios de
corrupção na esfera estadual sejam devidamente apurados e os envolvidos
penalizados na forma da Lei" – G1.
Carlos Magno
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