A nova ministra da Agricultura, Teresa Cristina, disse nesta
quarta-feira (2) em discurso ao assumir o ministério, que o Brasil é
"modelo" em preservação ambiental. Deputada federal (DEM-MS) licenciada
do mandato, Tereza Cristina é da bancada ruralista da Câmara.
No discurso feito ao assumir o cargo, a ministra defendeu
uma "política focada nos interesses comerciais do Brasil" e que o
país não pode "jamais" ser classificado como "transgressor"
ou ser "recriminado" em relação à preservação ambiental.
"São relevantes as questões relacionadas ao clima, à
sustentabilidade e à biodiversidade. A discussão honesta deveria partir de uma
premissa básica: o Brasil é um país com legislação ambiental extremamente
avançada, que mais soube preservar suas florestas nativas e matas ciliares.
Nosso país é um modelo a ser seguido, jamais transgressor a ser
recriminado", disse a ministra.
O ex-ministro Blairo Maggi não compareceu à cerimônia. O
chefe de gabinete, Coronel Coaraci Nogueira de Castilho, representou Blairo na
solenidade e transferiu o cargo para Tereza Cristina.
Ela afirmou ainda que a agricultura familiar terá
"integral apoio" da pasta e que a modernização é essencial para
manter a competitividade. Tereza defendeu uma "política focada interesses
comerciais do Brasil" e que o país não pode "jamais" ser
classificado como "transgressor" ou ser "recriminado" por
investir em agronegócio.
Demarcação de terras
indígenas e quilombas
Após a solenidade, Tereza Cristina foi questionada por
jornalistas sobre a medida provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro
que passa para o Ministério da Agricultura a responsabilidade pela demarcação
de terras indígenas e quilombolas.
Até então, a atribuição de demarcar terras indígenas ficava
com a Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça; e
terras quilombolas ficavam sob responsabilidade do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), vinculada à Casa Civil.
Para Tereza Cristina, a transferência da responsabilidade
para a Agricultura é "natural".
"Os assuntos fundiários, todos eles, seja Amazônia
Legal, seja o que for, está vindo para o Incra. O mosaico de todas as terras
brasileiras estarão sob a orientação do Incra. A Funai toda, uma parte ficará
com Direitos Humanos, com a Damares, a parte políticas públicas para os
indígenas. Aqui é simplesmente questão fundiária, que virá para o Incra, o que
é natural porque o Incra cuida dessas questões há muitos anos", explicou a
nova ministra.
Tereza Cristina disse que está em análise a criação de um
conselho para deliberar sobre demarcação de terras. Esse conselho seria formado
por membros de diversos ministérios.
"Toda parte fundiária vem para Incra agora de fato e a
Secretaria de Assuntos Fundiários vai controlar essas políticas. A Funai não
ficou com o Ministério da Agricultura. A parte fundiária veio para o Incra e
nós temos uma conversa de fazer um conselho, esse conselho ainda está sendo
decidido, para que as demarcações sejam feitas através dele. A secretaria
cuidará tão somente de assuntos fundiários como o Incra já faz com todas as
terras brasileiras. O conselho seria interministerial", disse a ministra
da Agricultura.
Carreira
Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias nasceu em Campo Grande,
Mato Grosso do Sul. Formou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade
Federal de Viçosa em Minas Gerais e trabalhou nas fazendas da família por 10
anos. Após esse período foi convidada para trabalhar em São Paulo na diretoria
de empresas multinacionais.
Voltou ao seu estado no fim da década de 90, para trabalhar
novamente em suas propriedades, sendo convidada para participar da diretoria da
Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), ocupando o
cargo de segunda secretária.
Em 2006, assumiu o cargo de superintendente do Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). No final do mesmo ano, foi convidada
para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria,
Comércio e Turismo do Governo do Estado Mato Grosso do Sul (Seprotur) onde
ficou sete anos consecutivos (2007 a 2014).
Deixou o Executivo estadual para concorrer ao cargo de
deputada federal, sendo eleita em 2014.
Integrou as comissões de Finanças e Tributação, Agricultura,
Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, entre outras. Foi presidente
da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), bancada que representa o agronegócio
no Congresso Nacional – G1.
Carlos Magno
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