Enquanto o vice-presidente da República, o general Hamilton
Mourão (PRTB), prestigiava as cerimônias de posse e transmissão de cargo do
presidente do Banco do Brasil, o seu filho recebia uma considerável promoção na
mesma instituição. Antônio Hamilton Rossell Mourão, que é servidor de carreira
do banco, tornou-se um dos três assessores especiais da Presidência, com
vencimento mensal de quase 37.000 reais. O valor é três vezes maior do que o
recebido como assessor da Diretoria de Agronegócios, função que ocupou por 11
anos.
Desde a campanha eleitoral o presidente da República, Jair
Bolsonaro (PSL), diz que não aceitará acomodações políticas em seu Governo. Em
discurso nesta segunda-feira, por exemplo, disse que todos os ministros e
dirigentes de bancos públicos tiveram total liberdade para escolherem os seus
diretores e assessores diretos.
Procurado, o vice-presidente negou qualquer interferência
dele na nomeação de seu filho. E informou, por meio de sua assessoria, que “não
há nada de anormal” nela porque o filho é especializado na área agrícola e é um
funcionário de carreira do banco. “Ele tem 19 anos de excelentes serviços
prestados ao Banco do Brasil”. Rossell Mourão é formado em administração de
empresas e possui pós-graduações em agronegócios e em desenvolvimento
sustentável.
Em nota, o Banco do Brasil informou que a nomeação do
servidor “atende aos critérios previstos em normas internas e no estatuto” da
instituição. Ainda assim, entre servidores gerou certo mal-estar porque é comum
que diretores ou profissionais com mais tempo de casa se tornem assessores
especiais da Presidência. É uma espécie de cargo executivo na instituição
financeira. Geralmente, especialistas em comunicação, agronegócios e direito
são escolhidos pela presidência do banco para essa assessoria especial.
Rubem Novaes, o novo presidente do banco, que tomou posse na
última segunda-feira diante de Mourão, disse, também em nota, que confia no
filho do vice-presidente. “Antônio é de minha absoluta confiança e foi
escolhido para minha assessoria, e nela continuará, em função de sua
competência. O que é de se estranhar é que não tenha, no passado, alcançado
postos mais destacados no Banco”.
Novaes foi um dos primeiros economistas a se juntar a equipe
do presidente Jair Bolsonaro, ainda durante a campanha eleitoral. Ele foi
colega do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Universidade de Chicago. Na
sua cerimônia de posse, disse que pretende privatizar parte dos ativos do Banco
do Brasil, menos as “joias da coroa”. Não citou, contudo, quais seriam essas
joias. Desde 2003 ele é o primeiro a ocupar a presidência do BB sem nunca ter
sido servidor nessa casa – El País.
Carlos Magno
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