O deputado federal Jean Wyllys, eleito pela terceira vez
consecutiva pelo PSOL do Rio de Janeiro, disse que vai desistir do novo mandato
e viver fora do Brasil. Em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo, o
parlamentar, que está de férias em outro país, contou que não pretende voltar e
que vai se dedicar à carreira acadêmica.
Wyllys recebe ameaças de morte com frequência e vive sob
escolta policial desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março do
ano passado. Com o aumento dos riscos, o deputado decidiu abandonar a vida
pública para se proteger.
“O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que
eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não
são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, explicou à Folha.
Além disso, o parlamentar relatou que sua decisão de deixar
o país se deu também devido às recentes informações de que familiares de um
ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle
trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro durante seu mandato como
deputado estadual pelo Rio de Janeiro.
Jean Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay e
defender as pautas LGBT no Congresso Nacional. Isso fez com que ele se tornasse
um dos principais alvos de grupos conservadores, ameaças que vieram em grande
parte pelas redes sociais – MSN.
Carlos Magno
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