A barragem 1 da Mina Feijão, da mineradora Vale, em
Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, se rompeu na tarde desta
sexta-feira, 25. Segundo a empresa, a área administrativa, onde estavam
funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco e,
portanto, pode haver vítimas. Segundo informação do Portal G1 os Bombeiros
indicam a possibilidade de haver em torno de 200 vítimas.
A lama agora começa a chegar ao centro do município, pelo
leito do Rio Paraopebas, que abastece 6 milhões de pessoas. Por enquanto,
quatro pessoas foram socorridas e encaminhadas ao hospital.
O Corpo de Bombeiros informou que o acidente aconteceu na
altura do km 50 da Rodovia MG-040. Os bombeiros enviaram equipes com policiais
civis e militares, com enfermeiros e medicamentos, além de cinco aeronaves e um
helicóptero. Também foram acionados militares do Batalhão de Emergências
Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad).
As quatro vítimas resgatadas são três mulheres e um homem,
que foram levados de helicóptero ao Hospital João 23, em Belo Horizonte. As
mulheres estão conscientes, com estado de saúde estável, e passam por
avaliação. O hospital acionou um plano de atendimento para múltiplas vítimas de
catástrofes e, por isso, casos não relacionados ao rompimento da barragem serão
encaminhados para outras unidades de emergência, informou o João 23, em nota.
Segundo informações do site da Vale sobre as barragens da
região, a barragem 1 foi construída em 1976 e tem volume de 12,7 milhões de m³.
Atualmente, a barragem não receberia material, pois o beneficiamento do minério
na unidade é feito à seco, ainda de acordo com o site. O Ibama havia informado
inicialmente que havia 1 milhão de m³ de rejeito no local. Para efeito de
comparação, a barragem da Samarco que em 2015 se rompeu, soterrando o distrito
de Bento Rodrigues e matando 19 pessoas, tinha 50 milhões m³ de rejeitos.
Em primeira análise, o Ibama afirma que a primeira estrutura
receptora dos impactos seria a Barragem de Retiro Baixo, a cerca de 150
quilômetros do ponto de rompimento. A equipe do Núcleo de Prevenção e
Atendimento a Emergências Ambientais do Ibama se deslocou para o local com
servidores da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Minas.
No Facebook, a prefeitura de Brumadinho pediu que a
população mantenha distância do leito do Rio Paraopeba, que é um afluente do
Rio São Francisco. Em nota, a Copasa, responsável pelo abastecimento de água na
região metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que não há risco de
desabastecimento.
O parque de Inhotim evacuou mais de mil pessoas às pressas,
com medo de que a lama proveniente da ruptura da barragem a área, o que, por
enquanto, não ocorreu. Em solidariedade às vítimas, o parque informou que não
funcionará neste fim de semana. O jardim e museu de arte contemporânea a céu
aberto é a maior atração turística da região, reunindo obras de arte dos mais
importantes artistas contemporâneos. Há 600 funcionários e cerca de mil
visitantes por dia.
Em sua conta oficial no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro
lamentou o rompimento da barragem. "Lamento o ocorrido em
Brumadinho-MG", escreveu o presidente, informando que determinou
deslocamento dos ministros do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, de
Minas e Energia, Bento Albuquerque, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do
secretario nacional de Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves. O Planalto montou
um gabinete de crise e informou que Bolsonaro deve viajar neste sábado pela
manhã.
Ao BR 18, Ricardo Salles afirmou que o governo agirá
firmemente: “Seremos muito rigorosos”.
A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à presidência
Marina Silva comentou o rompimento em seu Twitter. "Depois de 3 anos do
grave crime ambiental em Mariana, com investigações ainda não concluídas e
responsáveis punidos, a história se repete como tragédia em Brumadinho. É
inadmissível que o poder público e empresas mineradoras não tenham aprendido
nada", escreveu.
O Ministério Público de Minas Gerais enviou uma equipe do
Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim) para verificar e avaliar a
extensão dos danos. Segundo o Ibama, a competência primária para acompanhamento
do acidente é do órgão licenciador, neste caso, estadual. “A competência
federal só será estabelecida se o incidente ultrapassar os limites territoriais
ou atingir significativamente um bem da União. De qualquer maneira, o Ibama
continuará acompanhando o evento e prestando o apoio necessário aos órgãos
públicos”, informou o órgão. O governador de Minas, Romeu Zema, segue para o
local, enquanto o vice, Paulo Eduardo Brandt, sobrevoa a região.
Tragédia de 2015
Em 5 de novembro de 2015, o rompimento de uma barragem da
Samarco também em Minas, entre Ouro Preto e Mariana, soterrou o distrito de
Bento Rodrigues e matou 19 pessoas. A lama que desceu da barragem destruiu
flora e fauna, além de ter atingido o Rio Doce e alcançado o Oceano Atlântico
pelo litoral do Espírito Santo, onde está a foz do curso d'água. O rompimento é
considerado o maior desastre ambiental do Brasil – Estadão.
Carlos Magno
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