O jornal francês L’Humanité, alinhado à esquerda francesa,
traz uma imagem do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em
matéria de capa desta terça-feira (29), com o título “Nobel da Paz para Lula!”.
O periódico lembra que mais de meio milhão de pessoas já assinaram a petição
online lançada pelo artista e militante argentino Adolfo Pérez Esquivel, ele
mesmo laureado pela Academia suíça em 1980 por seu engajamento contra a
ditadura militar na Argentina (1976-1983).
O jornal L’Humanité abre a matéria de capa lembrando aos
leitores franceses o Episódio da “farinata”, granulado proposto pelo “prefeito
conservador de São Paulo, João Dória” aos pobres em 2017, como uma alternativa
na luta contra a fome na metrópole brasileira. “Pouco importa que os
especialistas julguem que a farinata aumenta ainda um pouco mais a
desigualdade, ao invés de diminuir”, analisa o jornal. “No Brasil, como em
outros lugares, o termo ‘revolução’ não para de ser usado em prol de projetos
reacionários”, afirma L’Humanité.
O ex-presidente Lula, considerado “prisioneiro político”
pelo periódico francês, é lembrado também no início do artigo, numa
contrapartida a Dória. “No início dos anos 2000, ele começou sua presidência
com a campanha ambiciosa ‘Fome Zero’. (...) Em 2014, no coração do bairro
popular de Campo Limpo, Lula convidava a todos para medir o progresso do
gigante sul-americano. ‘Antes, a mãe que ia fazer compras voltava com o
carrinho vazio porque tudo era inacessível. A carne tornou-se acessível,
podemos nos dar ao luxo de ir a restaurantes, viajar, ir à universidade. Quem
teria imaginado isso?”, lembra L’Humanité.
O jornal informa que o prazo para indicação de nomes ao
comitê do Nobel da Paz termina nesta quinta-feira (31). “Podem ser indicados
nomes de parlamentares e ministros, chefes de Estado, membros da Corte
Internacional de Justiça em Haia e da Corte Permanente de Arbitragem em Haia,
ou mesmo professores, reitores e diretores de universidades”, diz l’Humanité.
O jornal francês lembra que, para justificar a candidatura
do ex-presidente brasileiro, Adolfo Pérez Esquivel argumentou que a fome
"é um flagelo e um crime dos quais são vítimas os povos submetidos à
pobreza e à marginalização, privadas de vida e esperança por gerações. Por esta
razão, se um governo nacional se tornar um exemplo global da luta contra a
pobreza e a desigualdade, contra a violência estrutural que nos aflige como
humanidade, ele deve ser reconhecido por sua contribuição à paz”, disse o
artista argentino de 87 anos – RFI.
Carlos Magno
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