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18/02/2019

Bebianno deixa o governo, mas fica na direção do PSL e terá a sustentabilidade política de Bolsonaro nas mãos


O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, deixa o governo Bolsonaro, mas não vai sair “atirando” ou fazendo qualquer denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro ou seus familiares, como chegou a se cogitar nos bastidores da política em Brasília. “Bebianno vai sair quieto. Não vai atirar em ninguém, mas vai sair de cabeça erguida”, disse uma fonte ligada ao secretário-geral da Presidência.

 

Ou seja, Bebianno não vai aceitar nenhuma estatal (Bolsonaro chegou a sugerir a presidência de Itaipu) ou mesmo a Embaixada de Roma, como chegou a circular hoje em Brasília. Na verdade, Bebianno chegou a um estágio no qual não tem mais como ficar no governo. Bolsonaro e seus filhos não o querem desde o final da semana passada e mesmo os militares que queriam sua permanência, já não querem mais que ele fique.



 

Assim, Bebianno fez um acordo com Bolsonaro. Vai voltar à militância política no PSL, partido do qual é vice-presidente. Além disso, Bebianno, que é advogado, voltará para seu escritório de advocacia e voltará a exercer a profissão, ao lado da mulher Renata. Mais cedo, Bebianno deu declarações de que estava cansado de ameaças que lhe eram feitas e que ele poderia retrucar as ameaças. “Devolverei as ameaças ao triplo”.

 

Todo mundo sabe em Brasília que Bebianno é um homem que sabe demais. No início da campanha, em 2017, quando Bolsonaro ainda não era nada, quem andava com o então pré-candidato para cima e para baixo era Bebianno. Os dois eram unha e carne. Bebianno, portanto, tornou-se um homem-bomba. Sabe muito e pelo jeito até coisas que não deveria saber. Tanto sobre a campanha de Bolsonaro, como as campanhas dos filhos (Carlos, Flávio e Eduardo), como também sobre como as campanhas foram financiadas, etc. Sabe muito.

 

Por isso, quando ele diz que não tem medo de ser demitido, que está tranquilo, é porque ele tem Bolsonaro nas mãos por vários motivos. Afinal, Bebianno anda mostrando que tem um arsenal nas mãos. Disse no final de semana para O Globo que o problema não era o “pimpolho” (o vereador Carlos Bolsonaro, que o detonou), mas o problema era o Jair Bolsonaro. Disse também que vai ter que pedir desculpas ao país por ter ajudado a eleger Jair Bolsonaro.

 

Ou seja, por tudo o que ele falou, já deveria ter sido demitido. Mas Bolsonaro deixou vazar no final de semana que Bebianno seria demitido no Diário Oficial desta segunda-feira. E nada saiu. Depois, fontes do governo informaram que Bebianno estaria no Diário Oficial extra ainda hoje. E nada saiu. Mas deve sair. A decisão já está tomada. O problema é o que aconteceu nesse meio tempo.

 

O que Bolsonaro negociou com Bebianno para ele sair calado, “sem atirar” em Bolsonaro, se o próprio Bebianno disse domingo na porta do hotel em que está hospedado em Brasília que iria falar muita coisa, por que agora resolve sair calado, sem atirar? O que foi conversado com ele? O que ele não vai revelar mais? Qual o acordo que foi feito?

 

Tudo bem, Bebianno sai quieto, volta a advogar e retoma a vice-presidência do PSL. Pelo menos não morre politicamente. Ainda fica vivo. Ele e os segredos que carrega. Bolsonaro ficará eternamente refém de Bebianno. Um problema que Bolsonaro e seus filhos não precisariam ter criado. Agora, Bolsonaro fica refém não só de Bebianno, mas também de toda a classe política. Sabendo que Bolsonaro tem a guarda descoberta, os políticos vão chantageá-lo do jeito que puderem. Cargos aqui, uma emenda ali, e logo estaremos restabelecendo a velha política do toma-lá-dá-cá. O rei está nu – Istoé.

 

Carlos Magno

 

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