O delegado Alexandre Dias, que investiga o massacre na
Escola Estadual Professor Raul Brasil ocorrido na última quarta-feira (13), em
Suzano, disse que o adolescente apreendido nesta terça-feira (19) foi mentor
intelectual do crime que deixou ao todo dez mortos, incluindo os dois
assassinos.
“Ele é mentor intelectual, comprou objetos, objetos que poderiam
fazer ele participar daquele delito, participação dele com um dos autores na
compra de outros objetos e na idealização de outros objetos.”
Segundo o delegado, “foram apresentadas provas de conteúdo
cibernético que indicava a participação desse menor na criação do delito. Há
provas testemunhais. As investigações apontam que ele é mentor intelectual
junto com outro assassino menor de idade.”
Os detalhes sobre as novas provas que a polícia obteve sobre
a possível participação do adolescente de 17 anos do massacre não podem ser
revelados por estarem sob sigilo, disse o delegado em coletiva à imprensa na
Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes.
Ainda sobre o adolescente, o delegado afirmou que “o perfil
psicológico dele está sendo feito por exames periciais.”
Alexandre disse ainda que busca identificar quem vendeu a
arma. “Há uma linha de investigação nesse sentido, quem vendeu a arma e ajudou
eles a terem acesso a arma.”
Apreensão do
adolescente
O jovem foi apreendido em casa e levado ao Instituto Médico
Legal (IML) da cidade, onde foi submetido a exame de corpo de delito. De lá,
seguiu para o fórum.
O adolescente foi acompanhado dos pais e do advogado Marcelo
Feller do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).
Segundo o Tribunal de Justiça (TJ), na audiência foi mantida
sua internação provisória, por 45 dias, na Fundação Casa. A unidade em que ele
ficará internado não foi divulgada. Ele deixou o fórum em um carro da Polícia
Civil por volta das 12h50.
A Fundação Casa esclarece que a vaga de internação
provisória para o adolescente envolvido no caso de Suzano, solicitada pela
juíza da cidade, foi liberada imediatamente pela Instituição por volta das
11h40 da manhã desta terça-feira (19).
Se terminado o prazo e não houver sentença judicial de
internação definitiva, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina a
sua liberação. Em caso de sentença de internação definitiva, o prazo máximo é
de 3 anos.
Feller afirmou que o adolescente negou ter ajudado a
planejar o massacre na escola de Suzano.
“Ele me pareceu um garoto extremamente sincero. Ele foi
muito amigo do atirador, depois tiveram um período brigados e voltaram a se
falar há poucos meses”, disse Feller. “Para mim, ele negou qualquer
participação nesse ato. O que me parece bastante crível pela mensagem que ele
manda para o próprio atirador informando o que está acontecendo”.
Apesar disso, o advogado afirmou que essa declaração foi
dada a ele e não à Justiça, pois pediu que o adolescente e seus pais ficassem
em silêncio e não respondessem às perguntas na audiência de apresentação no
fórum.
O motivo, segundo Feller, é que ele ainda não teve acesso
aos autos do processo. O delegado assistente da Seccional de Mogi das Cruzes,
Jaime Pimentel, no entanto, disse que disponibilizou sim os autos ao advogado.
“Pelos menos isso foi oferecido a ele na delegacia.”
Feller foi indicado pelo IDDD depois de a Defensoria Pública
informar que não poderia defender o adolescente, visto que já está defendendo
os interesses das vítimas.
“O que ocorreu hoje aqui foi um teatro processual”, criticou
Feller sobre a audiência de apresentação do caso realizada no fórum de Suzano.
O advogado falou que não teve tempo para ter acesso às
provas do inquérito e, por isso, foi contra a internação do adolescente. Ele
sugeriu que o adolescente ficasse detido em casa com tornozeleira eletrônica,
mas a juíza não aceitou.
A audiência de instrução deve ocorrer no dia 26 de março
quando as testemunhas serão ouvidas.
Novas evidências
Na quinta-feira (14), o adolescente chegou a se apresentar à
Justiça, mas negou a participação e foi liberado. Durante a investigação,
porém, foram analisados os celulares dele e dos dois assassinos e, de acordo
com a polícia, os três aparelhos têm conversas claras sobre o planejamento das
mortes.
Nesta segunda-feira (18), a polícia apresentou ao Ministério
Público um relatório com os resultados das buscas feitas na casa do menor. Além
disso, a Polícia Civil apresentou à Justiça um documento com 13 tópicos que
reforçam a participação do adolescente no planejamento do crime – G1.
Carlos Magno
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