O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros,
afirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao
Ministério da Defesa que faça as "comemorações devidas" pelos 55 anos
do golpe que deu início a uma ditadura militar no país.
O golpe militar que depôs o então presidente João Goulart
ocorreu em 31 de março de 1964. Após o ato, iniciou-se uma ditadura no país,
que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para presidente, O
Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados e houve
censura à imprensa.
Na semana passada, Rêgo Barros havia dito que não haveria
nenhum tipo de comemoração relacionada à data. Nesta segunda, porém, o
porta-voz mudou o discurso.
"O nosso presidente já determinou ao Ministério da
Defesa que faça as comemorações devidas com relação a 31 de março de 1964,
incluindo uma ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi
aprovada pelo nosso presidente", afirmou Rêgo Barros durante entrevista
coletiva no Palácio do Planalto.
Questionado por jornalistas sobre o que seriam as
"comemorações devidas", Rêgo Barros respondeu: "Aquilo que os
comandantes acharem dentro das suas respectivas guarnições". Ele ressaltou
que não há previsão de nenhum tipo de ato no Palácio do Planalto no próximo dia
31.
Desde o período em que foi deputado federal, Bolsonaro
sempre defendeu que o Brasil não viveu uma ditadura entre 1964 e 1985, mas,
sim, um "regime com autoridade". De acordo com o porta-voz da
Presidência, o agora presidente da República não considera que houve um golpe
militar em 1964.
"O presidente não considera 31 de março de 1964 um
golpe militar. Ele considera que a sociedade, reunida e percebendo o perigo que
o país estava vivenciando naquele momento, juntou-se, civis e militares, e nós
conseguimos recuperar e recolocar o nosso país em um rumo que, salvo o melhor
juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de
governo aqui que não seria bom para ninguém", disse.
Ao votar a favor do impeachment da então presidente Dilma
Rousseff, Bolsonaro homenageou em plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante
Ustra, reconhecido pela Justiça de São Paulo como torturador durante o regime
militar. Para Bolsonaro, Ustra é um "herói brasileiro".
Segundo a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo
regime ou desapareceram durante o período – somente 33 corpos foram
localizados.
Diante disso, a comissão entregou em 2014 à então presidente
Dilma Rousseff um documento no qual responsabilizou 377 pessoas pelas mortes e
pelos desaparecimentos durante a ditadura – G1.
Carlos Magno
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