O ex-presidente Michel Temer é alvo de mais duas denúncias
na Justiça. Desta vez, ele é apontado como chefe de uma organização criminosa e
responsável por tramar contra a Lava-Jato. As imputações foram feitas pela
Procuradoria da República no Distrito Federal com base nas acusações do
ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. De acordo com os
investigadores, Temer atuou na compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha
e comandou uma quadrilha do MDB na Câmara.
As denúncias apresentadas à Justiça Federal do Distrito
Federal são baseadas nas delações de executivos da JBS e do doleiro Lúcio
Funaro. De acordo com os procuradores, o ex-presidente instigou Joesley
Batista, dono da JBS, a manter Cunha e Funaro longe de uma delação premiada. A
principal prova utilizada pelos investigadores é uma gravação em áudio de uma
conversa entre o empresário e Temer realizada em março de 2017 no Palácio do
Jaburu, em Brasília. No diálogo, Joesley diz que está “de bem” com o
ex-deputado. Na sequência, o então presidente responde: “Tem que manter isso,
viu”. Para o Ministério Público Federal, essa é uma evidência de que Temer
avalizou o “pacto de silêncio” firmado entre as testemunhas – que, mais tarde,
seria rompido com a colaboração do doleiro.
Na denúncia, Temer também é acusado de controlar um esquema
que desviou ao menos 587 milhões de reais. O Ministério Público Federal aponta
que o ex-presidente se aliou a outros integrantes do MDB da Câmara para
arrecadar propinas em contratos na Petrobras, na Caixa Econômica Federal, em
Furnas, no Ministério da Integração Nacional e no próprio Congresso. Entre os
membros dessa organização criminosa, estariam os ex-deputados Eduardo Cunha,
Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e o
ex-ministro Moreira Franco.
Essas acusações foram feitas inicialmente por Janot em
setembro de 2017 – e foram submetidas à votação na Câmara. Os deputados
rejeitaram a denúncia do ex-procurador-geral da República e devolveram o
processo para o Supremo Tribunal Federal. Com o fim do governo Temer, o caso
foi enviado à Justiça de primeira instância, já que o ex-presidente perdeu o
direito ao foro privilegiado. Após analisar as provas, a Procuradoria da
República do Distrito Federal decidiu ratificar as imputações contra Temer.
Se essas denúncias forem aceitas pela Justiça, o
ex-presidente poderá virar réu pela sexta vez em menos de um mês. Até o
momento, Temer enfrenta quatro ações penais em Brasília, no Rio de Janeiro e em
São Paulo. As acusações contra o ex-presidente variam de corrupção passiva, no
caso da mala de 500 000 reais da JBS, até lavagem de dinheiro na reforma da
casa de sua filha. Em 21 de março, Temer foi preso por determinação do juiz
Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. O ex-presidente, acusado
de ter recebido propina de contratos das obras da usina de Angra 3, foi solto
quatro dias depois, numa decisão do desembargador Antonio Ivan Athié, do
Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Em todos os casos, Temer nega ter praticado
qualquer irregularidade – Veja.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar
pum pode prevenir câncer, AVC, ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo
de universidade do Reino Unido
-
Assassinato de moradores de rua em Campina Grande-PB gera comoção: radialista
faz artigo em homenagem a "Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de
Medicina no campus de Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de
20 minutos em fila de banco na Paraíba receberá indenização
-
Jovem forja a própria morte para saber "quais pessoas se importariam com
sua ausência" e vem a público pedir desculpas