A Vale informou ao Ministério Público que detectou
movimentação na mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), e que há a
possibilidade de ruptura nos próximos dias. A mineradora disse que verificou
uma deformação no talude norte da mina, que poderia levar ao rompimento da
estrutura.
De acordo com dados dos radares instalados no local, existe
a possibilidade de deslizamento de uma parte dessa mina. A Vale informou que
detectou movimento na estrutura nesta segunda-feira e que, se a velocidade da
movimentação permanecer, a ruptura do talude poderá ocorrer no período de 19 a
25 de maio.
Talude é a estrutura semelhante a uma escadaria, em grandes
proporções, que se forma ao redor da cava, que é de onde se retira o minério de
ferro. “O que pode acontecer é que, caso o talude caia dentro da cava, haja um
abalo sísmico que possa afetar a barragem”, afirma o coordenador adjunto da
Defesa Civil, Flávio Godinho, após alerta de movimento dado nesta semana.
No início de fevereiro, as sirenes da Vale foram acionadas
pela primeira vez na cidade, forçando a evacuação de 500 pessoas. A decisão
preventiva foi tomada depois que a consultoria Walm se negou a dar uma
declaração de estabilidade da estrutura. Moradores da chamada área de
autossalvamento, ou seja, pessoas que mantinham residência próximo da barragem,
deixaram suas casas em 8 de fevereiro. Quem vive na chamada área secundária, em
que está incluída Barão de Cocais, recebeu treinamento.
A barragem faz parte de uma lista de dez estruturas que a
Vale prometeu desmontar após a ruptura da barragem de Brumadinho, em janeiro
deste ano, que matou 240 pessoas e deixou 30 desaparecidos. As dez estruturas
foram construídas pelo método de “alteamento a montante”, considerado
ultrapassado e menos seguro, também usado em Mariana.
Os dados sobre a situação na mina de Barão de Cocais,
produzidos pela Vale, foram enviados ao Ministério Público de Minas Gerais
(MPMG). O MPMG recomenda à Vale que informe a população de Barão de Cocais que
a barragem da Mina Gongo Soco os riscos a que estão sujeitos.
A empresa deve comunicar, por meio de carros de som, jornais
e rádios, informações sobre a atual condição da Barragem Sul Superior e sobre
os riscos da população em caso de rompimento. O MP também recomenda que a
empresa deverá fornecer apoio logístico, psicológico, médico, bem como insumos,
alimentação, medicação, transporte e tudo que for necessário para as pessoas em
eventual acidente – Exame.
Carlos Magno
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