Condenado pelo Tribunal de Justiça por suspeita de fraude na
contratação de um show em Brasília, o cantor Zeca Pagodinho rebateu a acusação.
A sentença determina que ele passe três anos detido, em regime aberto. O
contrato foi feito pela extinta Empresa Brasiliense de Turismo (Brasiliatur) em
2008.
"Eu acho um preconceito. Me perguntaram por que eu não
posso me apresentar em Brasília. E se me perguntarem por que o meu show é caro,
é porque o meu show é bom e paga quem quiser. Eu jamais posso me enquadrar como
fraudulento. Isso jamais." A declaração foi dada durante coletiva sobre o
réveillon em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Condenado pelo Tribunal de Justiça por suspeita de fraude na contratação de um show em Brasília, o cantor Zeca Pagodinho rebateu a acusação: "meu show é bom e paga quem quiser"
A decisão do TJ saiu no dia 19 de novembro. Cabe recurso à
decisão da juíza Ana Claudia Barreto, da 5ª Vara Criminal. A assessoria do
cantor afirma que ele não interferiu no processo administrativo e apenas
assinou o contrato.
Além do artista, também foram condenadas outras quatro
pessoas das empresas responsáveis pela produção e pela contratação do show. De
acordo com o Ministério Público, todos deixaram de cumprir "formalidades
pertinentes à inexigibilidade de licitação" em shows de dois eventos. O
primeiro foi a Expoagro, realizada em 18 de abril de 2008, e o segundo foi o
aniversário de Brasília, comemorado no dia 21 de abril do mesmo ano.
Em nota, o advogado de Zeca afirmou que a condenação é
"absurda" e "injusta" e que o cantor "não teve
qualquer participação ou ingerência no processo administrativo que entendeu não
ser necessária licitação para a sua contratação".
Segundo a defesa, ele apenas assinou o contrato e cobrou o
cachê padrão da época. "Assim, não há que se falar em superfaturamento,
posto que o artista recebeu o que cobrava de todos", diz.
Os dois shows foram contratados pela Brasiliatur sem
realizar licitação. Para o MP, além de não conseguir comprovar o orçamento
detalhando todos os custos, os suspeitos também superfaturaram os dois eventos.
Só no primeiro show, o órgão diz que Zeca Pagodinho recebeu R$ 170 mil de
cachê, enquanto outras comemorações realizadas em Brasília no mesmo período
custavam em média R$ 200 mil para o pagamento de artistas e montagem da
estrutura dos eventos.
"Registro que o aniversário de Brasília poderia ter
sido comemorado com qualquer show artístico, pois, em que pese a notória
popularidade do réu, não se trata de um cantor que tivesse 'laços' com a
cidade, ou mesmo que tivesse alguma representatividade especial para Brasília,
mas apenas de um cantor escolhido pela empresa de turismo, que deveria ter
optado por outro cantor ao constatar essa cobrança abusiva e dissociada da
realidade", diz a juíza na decisão.
A pena de Zeca pode ser convertida em prestação de serviços
à comunidade e no pagamento de valor a ser definido pela Justiça.
Ex-funcionários da Brasiliatur, César Augusto Gonçalves, Ivan Valadares de
Castro e Luiz Bandeira da Rocha Filho foram condenados a quatro anos e oito
meses de detenção em regime semiaberto e ao pagamento de multa no valor de 2%
dos dois contratos.
Representante da empresa Star Comércio, Aldeyr do Carmo
Cantuares recebeu condenação de três anos e seis meses de detenção em regime
aberto. Ele deve pagar multa no valor de 2% dos dois contratos. A pena dele
também foi substituída por prestação de serviços à comunidade e pagamento de
multa – G1.
Portal Carlos Magno
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