A reitoria da Universidade de Brasília (UnB) analisa um
"dossiê", protocolado no fim da última semana, com dezenas de
denúncias de assédio moral e sexual contra um professor da Faculdade de
Comunicação (FAC). No documento, as alunas relatam casos de contato físico
indesejado, atividades degradantes e cenas de humilhação protagonizadas dentro
de sala de aula, na frente de colegas.
A UnB confirmou ao G1 que o documento foi recebido na última
sexta-feira (11), mas afirmou que o processo correrá em sigilo. Por telefone, o
professor alvo das denúncias disse que não pode se pronunciar sobre o assunto
porque já há um processo em andamento na universidade.
Em março de 2014, estudantes da UnB criaram uma página virtual para denunciar casos diários de assédio. Em menos de um mês, o espaço recebeu 152 mensagens e ultrapassou a marca de 5 mil seguidores
As denúncias foram reunidas pelo Centro Acadêmico de
Comunicação (Cacom), que também afirmou não poder comentar o caso. Uma ex-aluna
do curso, que prefere não se identificar por medo de represálias, disse ao G1
que as reclamações sobre a conduta desse professor já eram famosas entre as
colegas, mas só agora ganharam repercussão.
"Sempre que a gente falava das matérias dele, alguém
tinha uma história ruim para contar. As histórias são nojentas mesmo, de passar
a mão, comentar dos seios de uma, da bunda da outra e dizer que mulher é isso
ou aquilo. Você imagina ouvir isso em uma sala de aula cheia de pessoas
adultas", diz a cineasta.
#meuamigosecreto –
As denúncias contra o professor de audiovisual ganharam corpo nas redes sociais
a partir da hashtag #meuamigosecreto. A campanha feminista nacional, feita no
fim de novembro em redes como Twitter e Facebook, trazia mulheres
compartilhando casos de machismo sofridos no cotidiano, sem revelar o autor dos
atos.
"#meuamigosecreto é professor da UnB. [...] Quando eu
quis justificar minha falta e levei pra ele meu atestado de um exame
importantíssimo na ginecologista, ele ficou emburrado. Esperou eu sair e disse
para outros alunos que estavam na sala: 'não sei pra quê mulher falta à aula
para cuidar de vagina'", dizia uma das mensagens postadas.
Em outra postagem, uma aluna conta que estudantes, homens e
mulheres, tiveram que "andar de quatro" pela sala de aula em um
"exercício de direção". Segundo ela, "todas sabemos que ele
queria era olhar para a bunda das meninas".
Na atividade em que alunos colaram críticas anônimas na sala
de professores da Faculdade de Comunicação, um recado afixado na sala deste
professor dizia: "#meuamigosecreto estuda aqui". As mensagens também
indicam que as atitudes do professor chegaram a ser contestadas em sala de
aula, sem efeito.
"#meuamigosecreto é professor de cinema e quando a
aluna responde aos comentários misóginos, racistas, homofóbicos e bairristas
que ele faz, no fim da aula quando todo mundo já saiu da sala, ele faz uso da
autoridade dele como professor para ameaçá-la de reprovação", diz um dos
textos publicados.
Machismo
'sistemático' – Como as mensagens são anônimas e não identificam o
destinatário, não é possível afirmar que todas se refiram ao mesmo professor.
Uma aluna do curso, que também prefere não se identificar, afirma que episódios
de machismo são comuns em sala, mas se tornaram "sistemáticos" nessa
disciplina.
"A sociedade é machista, e a academia é um ambiente que
reproduz isso diariamente. Existem níveis e níveis, e esse professor parece ter
ultrapassado todos. Ele nunca fez nada comigo, diretamente, mas já presenciei
coisas terríveis. Se for preciso, vou protocolar denúncia como testemunha para
evitar que isso se repita", diz a estudante.
Em março de 2014, estudantes da UnB criaram uma página
virtual para denunciar casos diários de assédio protagonizados por alunos,
professores e servidores. Em menos de um mês, o espaço recebeu 152 mensagens e
ultrapassou a marca de 5 mil seguidores – G1.
Portal Carlos Magno
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