Após encontro com a presidente Dilma Rousseff, líderes
religiosos defenderam que é preciso debater com a sociedade a descriminalização
do aborto em meio à epidemia de zika. A posição diverge da anunciada semana
passada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que afirmou que
o aumento de casos de microcefalia no País não justifica a medida.
Segundo integrantes do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs
(Conic), o assunto não foi tratado na reunião com a presidente e ainda não há
consenso. “Precisamos, sim, com urgência tratar da questão”, disse dom Flávio
Irala, presidente do Conic e bispo da Igreja Anglicana. “A discussão sobre o
aborto está entrando de forma meio enviesada, em função da microcefalia. O fato
é que existe uma preocupação com as vidas de todos os envolvidos: mães, bebês e
famílias”, afirmou, durante a cerimônia inicial da Campanha da Fraternidade
Ecumênica (CFE), que discute o saneamento.
Líderes religiosos defenderam que é preciso debater com a sociedade a descriminalização do aborto em meio à epidemia de zika. A posição diverge da anunciada semana passada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que é totalmente contra o aborto
O tema foi destacado como oportuno pelas autoridades, já que
a falta de saneamento está ligada a uma maior incidência de doenças - entre
elas o zika, que, segundo o governo, tem causado um surto de microcefalia em
bebês (3.670 casos suspeitos estão sendo investigados). O vírus transmitido
pelo mosquito Aedes aegypti encontra em águas paradas as condições ideais para
se proliferar.
Enquanto grupos se organizam para levar a questão do aborto
de bebês com microcefalia ao Supremo Tribunal Federal, esperando uma decisão
histórica como a de 2012, que tornou possível que mulheres interrompessem as
gestações de fetos anencéfalos, nem todas as vertentes cristãs compartilham do
posicionamento da CNBB, que foi categórica ao afirmar que a prática é “um total
desrespeito ao dom da vida”.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, d.
Leonardo Steiner, por exemplo, afirmou que “o aborto favorece a eugenia, uma
prática para selecionar pessoas perfeitas” e “estão (os grupos pró-legalização)
aproveitando a epidemia de zika para reintroduzir o assunto”. Para Joel
Zeferino, pastor da Igreja Batista Nazareth, “não dá para ignorar o assunto”.
“E é preciso empoderar as mulheres nessa discussão.”
Durante o encontro no Palácio do Planalto, Dilma pediu ajuda
das igrejas de todo o País no combate ao Aedes. Já o ministro das Cidades,
Gilberto Kassab, afirmou que o Brasil “infelizmente está aquém” do ideal no
quesito saneamento básico. “O mosquito é uma preocupação que vivemos hoje no
País e tem forte ligação com a ausência de saneamento, cujos investimentos são,
por natureza, mais difíceis”, admitiu.
Papa - Durante o lançamento da CFE, houve a leitura de uma
carta assinada pelo papa Francisco em que ele convida as pessoas “a se
mobilizar, a partir dos locais em que vivem” – Estadão.
Portal Carlos Magno
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