O homem de 32 anos, suspeito de estuprar a prima de cinco
anos em Cubatão (SP), era amigo de infância do pai da criança, o carpinteiro Janiclecio
do Amaral Morais, de 33 anos. Em entrevista ao G1 neste domingo (21), ele
afirma que ficou revoltado quando soube do ocorrido.
Os dois foram criados no município de Custódia, em
Pernambuco, e viviam sempre juntos. "Fiquei muito revoltado vindo de quem
veio. E mais ainda com a justiça, que é muito lenta", desabafa.
Ele conta que, mesmo após o ocorrido, o suspeito entrou em
contato com ele para tentar se explicar. "Ele falou que não tinha feito
nada disso que estão falando. Daí eu falei: ‘mas, como? Se ela fez exame e deu
positivo?’. Depois ele me ofereceu a casa e o terreno para nós não
denunciarmos".
O caso é investigado por meio de inquérito policial
instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Cubatão. O trabalho de
investigação está em andamento e segue em sigilo policial.
Entenda o caso
A mãe da criança, a comerciante Idamari da Silva, de 27
anos, descobriu que o primo aproveitou que ela saiu para pagar uma conta e
estuprou a menina. O abuso ocorreu no dia 20 de maio na casa onde ela mora com
a filha, no bairro Vila Esperança, mas a criança só revelou o ocorrido à mãe no
dia 31 de maio, ao apresentar sangramento nas partes íntimas.
Segundo ela, a menina tentou evitar as agressões ao se
enrolar em um lençol, mas ainda assim foi violentada pelo familiar. Idamari
havia deixado a filha brincando no quintal de casa, acompanhada do primo. Ela
deixou a casa aberta antes de sair e estranhou quando chegou e encontrou o
imóvel com as janelas e a porta da frente fechadas, além do fato de a criança
estar deitada e enrolada em um lençol.
Após o abuso, a menina passou a apresentar um comportamento
diferente. A mãe afirma que ela passou a cortar o próprio cabelo, além de
evitar usar roupas femininas. "Ela dizia que não queria ser mulher, que
era uma coisa ruim, e eu achei aquilo estranho, então fiquei mais de
olho".
A criança, que chegou a pedir para morrer, agora passa por
acompanhamento psicológico. "Quando ela me falou que queria morrer foi
muito difícil. Fiquei muito mal, não sabia como reagir e por onde começar. Eu
nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso, era como um irmão. Ela era
ameaçada de morte para não contar. Quero justiça", desabafa a mãe.
Tentativa de
negociação
Depois que a criança disse que havia sido abusada, a mãe
questionou o agressor a respeito das acusações. "Chamei ele na mesma hora
em que ela me contou e perguntei se ele tinha realmente feito aquilo tudo. Ele
negou, se prontificou a ir comigo na delegacia no dia seguinte para esclarecer
as coisas, mas, no outro dia, ele mudou dizendo que tinha ido para Minas Gerais
a trabalho".
Após fugir, o suspeito chegou a entrar em contato com
Idamari através de mensagens de texto. Um dos registros mostra que ele tentou
negociar com a prima para que as queixas fossem retiradas, chegando a oferecer
uma casa e um terreno em Cubatão.
"Ele me ofereceu casa, terreno, até me ameaçou, dizendo
que eu deveria retirar as queixas para poupar minha vida, mas ele sumiu quando
viu que eu não ia desistir. Eu sei onde ele está, parentes já comentaram
comigo, e a polícia não faz nada. Só queremos justiça e que ele vá preso, é um
trauma horrível", finaliza – G1.
Carlos Magno
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