Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Quinze alimentos in natura ou pouco industrializados vão
compor a cesta básica nacional e pagar imposto zero, com a reforma tributária.
O projeto de lei complementar que regulamenta o tema, enviado na noite desta
quarta-feira (24) ao Congresso, trouxe ainda 14 produtos com alíquota reduzida
em 60%.
Na justificativa do projeto, o governo informou que se
baseou nos alimentos in natura ou “minimamente processados” para definir a
cesta básica nacional. O texto destacou que o governo seguiu as recomendações
de alimentação saudável e nutricionalmente adequada do Guia Alimentar para a
População Brasileira, do Ministério da Saúde.
Embora tenha citado motivos de saúde, alguns alimentos com
gordura saturada, como óleo de soja e manteiga, ou com substâncias que criam
dependência, como o café, foram incluídos na cesta básica nacional. Nesse caso,
a justificativa é a de que esses itens são essenciais na alimentação do
brasileiro e já fazem parte da cesta básica tradicional.
Confira a lista dos alimentos da cesta básica nacional:
- arroz;
- feijão;
- leites e fórmulas infantis definidas por previsão legal
específica;
- manteiga;
- margarina;
- raízes e tubérculos;
- cocos;
- café;
- óleo de soja;
- farinha de mandioca;
- farinha de milho, grumos e sêmolas de milho, grãos de
milho esmagados ou em flocos;
- farinha de trigo;
- açúcar;
- massas;
- pães comuns (apenas com farinha de cereais, fermento
biológico, água e sal).
O governo propôs uma lista estendida de alimentos com
alíquotas zero. Eles não estão na cesta básica nacional, mas também não pagarão
a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) nem o Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS). São eles:
- ovos;
- frutas;
- produtos hortículas.
Outros 14 tipos de alimentos tiveram alíquota reduzida em
60% no projeto de lei:
- carnes bovina, suína, ovina, caprina e de aves e produtos
de origem animal (exceto foie gras), miudezas comestíveis de ovinos e caprinos;
- peixes e carnes de peixes (exceto salmonídeos, atuns;
bacalhaus, hadoque, saithe e ovas e outros subprodutos);
- crustáceos (exceto lagostas e lagostim) e moluscos;
- leite fermentado (iogurte), bebidas e compostos lácteos;
- queijos tipo muçarela, minas, prato, queijo de coalho,
ricota, requeijão, queijo provolone, queijo parmesão, queijo fresco não
maturado e queijo do reino;
- mel natural;
- mate;
- farinha, grumos e sêmolas de cerais, grãos esmagados ou em
flocos de cereais (exceto milho);
- tapioca;
- óleos vegetais e óleo de canola;
- massas alimentícias;
- sal de mesa iodado;
- sucos naturais de fruta ou de produtos hortícolas sem
adição de açúcar ou de outros edulcorantes e sem conservantes;
- polpas de frutas sem adição de açúcar ou de outros
edulcorantes e sem conservantes
O projeto também propôs alguns produtos de limpeza que
pagarão alíquota reduzida em 60%. Segundo o governo, esses itens são bastante
consumidos pela população de baixa renda:
- sabões de toucador;
- pastas de dentes;
- escovas de dentes;
- papel higiênico;
- água sanitária;
- sabões em barra.
Em todos os casos, o governo optou por listas reduzidas, com
prioridade para alimentos sadios ou o consumo pela população mais pobre. No
início de abril, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) encaminhou um
pedido ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para ampliar o conceito de
cesta básica e incluir alguns itens de luxo.
Os supermercados defendiam a isenção de impostos para itens
como fígados gordos (foie gras), camarão, lagostas, ostras, queijos com mofo e
cogumelos. Já itens como caviar, cerveja, vinho, champanhe e chocolate teriam
redução de 60% na alíquota.
Ultraprocessados
Apesar da justificativa de preservar a saúde, em outro ponto
do projeto de lei, o governo excluiu alimentos ultraprocessados do Imposto
Seletivo, que incidirá sobre alimentos considerados prejudiciais à saúde.
Apenas bebidas com adição de açúcar e conservantes sofrerão a incidência do
imposto.
Em março, um manifesto assinado por médicos como Drauzio
Varella e Daniel Becker, além de personalidades como as chefs Bela Gil e Rita
Lobo, pedia a inclusão dos produtos ultraprocessados no Imposto Seletivo.
Intitulado “Manifesto por uma reforma tributária saudável”, o texto teve apoio
de organizações como a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), a Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec).
Wellton Máximo/Denise Griesinger – Agência Brasil