Foto: Breno Esaki/Agência Saúde
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, compartilhou na tarde
deste domingo (28) uma série de postagens em suas redes sociais lembrando os 20
anos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela fez menção a
medidas tomadas pelo atual governo e destacou uma meta: "trabalhamos para
universalizar o Samu até 2026".
Nísia lembrou que o serviço foi criado no primeiro mandato
do atual presidente Luís Inácio Lula da Silva e o classificou como um
"serviço essencial para salvar vidas". Ela também saudou os
trabalhadores.
"Parabéns aos profissionais de saúde e socorristas que
ajudaram a escrever e seguem escrevendo a história do Samu, um serviço básico
para o respeito à vida e a universalização do cuidado!", acrescentou.
O Samu foi instituído por Lula por meio do Decreto 5.055,
assinado em 27 de abril de 2004. Desde o início, ficou estipulado o número de
telefone 192 para receber os pedidos de atendimento. Atualmente, também é
possível requisitá-lo por meio do aplicativo Chamar 192. O custeio das
operações é dividido entre município, estado e União.
A garantia da cobertura do Samu para 100% da população até o
final de 2026 já havia sido incluída como meta no novo Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), que envolve um conjunto de investimentos com o objetivo
de promover o desenvolvimento econômico do país e a inclusão social. Coordenado
pelo governo federal, ele engloba verbas da União e também recursos
provenientes de parcerias com o setor privado, estados, municípios e
organizações sociais.
No eixo saúde, foi previsto um aporte de R$ 31,5 bilhões até
2026. Além do ampliar a cobertura do Samu, estão previstas entregas de novas
Unidades Básicas de Saúde (UBS), maternidades, policlínicas, centros de atenção
psicossocial (Caps) e unidades odontológicas, entre outros equipamentos
públicos.
De acordo com Nísia, após 10 anos de congelamento, o custeio
do Samu subiu 30% no ano passado. Ela também afirma que a frota foi renovada em
diversos municípios. "Com a primeira etapa do PAC neste ano, serão 537
novas ambulâncias e 14 novas Centrais. Com essa etapa, vamos passar de 90% de
cobertura", estimou.
Pesquisas
O Samu costuma ser bem avaliado pela população. Em São
Paulo, o atendimento é monitorado pelo Serviço de Avaliação de Qualidade (SAQ).
Dados divulgados no site da prefeitura relativo a outubro de 2022 revelam que,
naquele mês, houve mais de 400 ocorrências e 93% delas foram avaliadas com
notas de 8 a 10.
Um artigo publicado em 2018 por pesquisadores da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) trouxe resultado similar em
um levantamento com 212 usuários de Natal acometidos por eventos traumáticos:
94,2% manifestaram satisfação com o atendimento e com a estrutura.
Especialistas costumam apontar o serviço como um mérito do
Sistema Único de Saúde (SUS), dando conta de um trabalho que dificilmente
conseguiria ser implementado pelo setor privado com a mesma excelência,
abrangência e agilidade.
Ainda assim, pesquisadores apontam alguns desafios. Em 2022,
a Universidade de São Paulo (USP) publicou um estudo que apontou desigualdades
na oferta do serviço em nível nacional.
Conduzido pelas pesquisadoras Marisa Malvestio e Regina
Márcia de Sousa, o estudo mapeou 1.820 municípios que ainda não tinham nenhum
suporte e 1.938 que eram atendidos de forma regionalizada, ou seja,
compartilhavam ambulâncias com diversas cidades vizinhas. Elas constataram
também que veículos mais equipados, as chamadas UTIs móveis, estavam
disponíveis em poucos locais do Brasil.
"É preciso assentir que os desafios e o custo de salvar
vidas em populações esparsas ou em território rural é maior e requer
estratégias e políticas específicas e integradas", escreveram elas.
Um outro estudo conduzido na UFRN pelo pesquisador Mateus
Estevam revelou, durante a pandemia de covid-19, um nível crítico em índices
associados ao risco de adoecimento dos profissionais envolvidos no atendimento.
Foi realizado um levantamento com 169 trabalhadores,
distribuídos em 16 estados brasileiros. Entre fatores que contribuiriam para a
precarização do trabalho e consequentemente aumentariam a probabilidade de
quadros de adoecimento, foram citados a falta de materiais e o número
insuficiente de ambulâncias.
Léo Rodrigues/Denise Griesinger – Agência Brasil