Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
A Polícia Federal (PF) concluiu que parte das joias sauditas
recebidas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro saíram do país em uma
mala transportada no avião presidencial no dia 30 de dezembro de 2022, quando
Bolsonaro deixou o país para passar uma temporada nos Estados Unidos no fim de
seu mandato.
A conclusão está no relatório no qual a PF indiciou o
ex-presidente e mais 11 acusados de participarem do suposto esquema. O sigilo
do relatório foi retirado nesta segunda-feira (8) pelo ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.
"A análise dos dados armazenados no telefone celular
apreendido em poder de Mauro Cid, contextualizada com os dados obtidos em
fontes abertas e sistema disponíveis, indica que os investigados, que compunham
a equipe do ex-presidente da República
utilizaram o avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, para
retirar do país bens de alto valor, recebidos em razão do cargo pelo
ex-presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que
estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por
autoridades estrangeiras, levando-os para os Estados Unidos da América",
diz o relatório.
A PF identificou que pelo menos três kits de joias foram
retirados por meio do avião do ex-presidente. O primeiro envolve duas
esculturas douradas (barco e árvore) que foram presenteadas pelo Bahrein,
seguido por um kit da marca Chopard, formado por uma caneta, um anel e um par
de abotoaduras. O terceiro par de joias é composto por um anel, abotoaduras e
um relógio da marca Rolex.
Dólares
Em um dos casos de desvios citados na investigação, a PF
citou que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens
de Bolsonaro Mauro Cid, recebeu dinheiro na sua própria conta para ocultar a
origem do dinheiro oriundo da venda das joias.
"Em continuidade aos atos de lavagem de capitais, os
recursos decorrentes da venda dos relógios Patek Philippe Calatrava e Rolex
Day-Date, US$ 68.000,00 foram depositados na conta bancária de Mauro Cesar
Lourena Cid, com objetivo de ocultar a localização, disposição, movimentação e
propriedade dos bens auferidos ilicitamente, distanciando aa quantia de sua
origem", concluiu a PF.
Ordens de Bolsonaro
A PF concluiu ainda que as vendas das joias ocorriam por
determinação de Bolsonaro. Segundo a corporação, presentes dados por
autoridades estrangeiras devem ser entregues ao Gabinete Pessoal da Presidência
da República (GADH/GPPR), órgão responsável pela análise e definição do destino
dos objetos.
"Os dados analisados indicam a possibilidade de o
gabinete ter sido utilizado para desviar, para o acervo privado do
ex-presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de
Jair Bolsonaro. Ainda no referido contexto, há indícios de que alguns presentes
recebidos por Jair Messias Bolsonaro em razão do cargo teriam sido desviados
sem sequer terem sido submetidos à avaliação", concluiu o relatório.
A Agência Brasil busca contato com a defesa do
ex-presidente.
Andre Richter/Sabrina Craide – Agência Brasil