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21/09/2024

Inclusão e acessibilidade: Prefeitura de João Pessoa oferece assistência humanizada para pessoas com deficiência



Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP


O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência é celebrado neste sábado (21). A data é dedicada à conscientização sobre os direitos, os desafios e as conquistas das pessoas com deficiência no Brasil. A Prefeitura de João Pessoa, por meio de diversas secretarias municipais, vem trabalhando para oferecer cada vez mais inclusão e acessibilidade a esta população.

 

A rede municipal de Saúde oferece atendimento acompanhado por intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas surdas. As calçadas pavimentadas seguem a NBR 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para garantir que pessoas com mobilidade reduzida possam se deslocar com segurança e autonomia. Já o projeto ‘Esporte Sem Limites’ oferece handebol, futsal e voleibol para pessoas com restrições motoras.

 

Crianças e adolescentes com deficiência contam com a assistência multidisciplinar e humanizada do Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência e do Centro de Referência Multiprofissional de Doenças Raras. Nas escolas municipais, alunos surdos ganham autonomia com o apoio pedagógico de professores que ensinam através da Libras.

 

“Respeito, empatia e inclusão. É esse olhar que nós, enquanto sociedade, devemos ter para com as pessoas com deficiência e seus familiares. Essas pessoas têm suas lutas diárias e precisam do nosso apoio. Mas esse suporte tem que ser oferecido sem melindre e sem aquele olhar de pena, porque o preconceito também faz morada nesse sentimento”, destaca a diretora do Centro de Referência Multiprofissional de Doenças Raras, Saionara Araújo.

 

O espaço atende pacientes com doenças raras e/ou que ainda estão em processo de fechamento de diagnóstico. E 80% dos usuários possuem alguma deficiência. Por ser um serviço de referência no Nordeste e um dos poucos do Brasil, o Centro de Doenças Raras atende, além dos pacientes que moram em João Pessoa, usuários regulados de outras cidades.



Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP

 

Segundo Saionara Araújo, o trabalho no Centro de Doenças Raras é orientado para um atendimento acolhedor, humanizado, que funciona, por vezes, como a rede de apoio da família durante o diagnóstico. Foi isso que a cuidadora de idosos Maria dos Santos - mãe de Samuel, de 6 anos - encontrou ao procurar o espaço.

 

O filho dela foi diagnosticado, logo após o nascimento, com Síndrome de Sotos Like, que é caracterizada pelo super crescimento e idade óssea avançada, macrocefalia, face característica e atraso neuropsicomotor.

 

Para Maria dos Santos, a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade só vai acontecer quando as pessoas entenderem as particularidades deste público e tratá-lo sem julgamento. “Eu quero chegar num lugar e as pessoas não olharem para Samuel com preconceito. ‘Ah, porque ele é muito agitado, porque ele não deixa nada quieto’. Esse é meu filho, e eu não quero que ele seja tratado de maneira diferente por causa disso”, ressalta.

 

“Aqui no Centro de Doenças Raras, todos querem bem ao meu filho, desde o rapaz da portaria até a moça da limpeza. Todos se preocupam com Samuel, todos manifestam alegria ao vê-lo, tratam Samuel com carinho e respeito. É isso que a gente espera da sociedade de uma forma geral”, acrescenta Maria dos Santos.

 

O Centro de Doenças Raras também é a rede de apoio da dona de casa Yasmin Laurentino e de sua filha, Maria Ysys, de 9 anos. Elas são da cidade de Patos, no sertão paraibano, mas estão morando em João Pessoa para facilitar os cuidados e o tratamento de Maria Ysys, que nasceu com microcefalia e paralisia cerebral.



Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP

 

“Eu procuro ter uma rotina mais normal possível com Maria Ysys. A gente sai para passear, não gosto de ficar em casa direto com ela. A gente vai para Lagoa, para o shopping, viaja para fazer os tratamentos”, conta Yasmin Laurentino.

 

“Como somos somente ela e eu, porque o pai dela faleceu há alguns anos, eu encontrei uma família aqui no Centro de Doenças Raras. Dentre todos os cuidados que Maria Ysys vem recebendo, o mais importante até agora foi com a fonoaudióloga. Porque ela tem reduzido consideravelmente os engasgos e eu aprendi a como agir caso ela venha a engasgar”, conta.

 

Para a enfermeira aposentada Glória Sousa, a inclusão de pessoas com deficiência se faz com educação e orientação dentro de casa. É preciso ensinar as crianças, desde muito pequenas, sobre o respeito à limitação de cada pessoa e à diversidade de se viver em sociedade.

 

“Considere as raças, as condições sociais, as personalidades, a forma de falar. Todos nós somos diferentes. Isso é o que faz o mundo ser fantástico, é a convivência com essa diversidade. Então, não há porque tratar de forma diferente as pessoas com deficiência”, ressalta Glória Sousa. Ela é mãe de Larissa Sousa, de 9 anos, que está sendo acompanhada pelo Centro de Doenças Raras para investigação de hipotrofia muscular e Síndrome de Larsen.

 

A dona de casa Andrea Oliveira - mãe de Geovana Oliveira Cazé, de 9 anos, que também é acompanhada pelo Centro de Doenças Raras - deseja que a sociedade tenha um olhar de empatia para com as pessoas com deficiência.



Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP

 

“Parece um absurdo, mas tem gente que olha para minha filha com um olhar de afastamento, como se fosse uma doença contagiosa. Isso não é para acontecer. Para que a gente possa viver um ambiente social melhor, é preciso acolhimento, carinho, respeito, porque isso, inclusive, ajuda na evolução da própria criança”, destaca.

 

Calçadas mais acessíveis

 

A empatia para com as pessoas com deficiência também está no respeito às normas de trânsito. O estudante Maicon Junior dos Santos Mendes, 24 anos, que é deficiente visual, conta que as calçadas táteis o ajudam a se locomover com segurança e confiança, mas, por vezes, os espaços são bloqueados com carros e motos.

 

“É preciso ter consciência de que, além de ser errado, ser uma infração de trânsito, quando um motorista estaciona em cima de uma calçada ele tira a locomoção do pedestre. Quando ele bloqueia uma rampa, ele tira a acessibilidade de pessoas em cadeira de rodas. É preciso ter esse olhar de respeito para com o próximo”, destaca Maicon Junior.

 

A Prefeitura de João Pessoa está pavimentando mais de 1.500 ruas da cidade seguindo a norma NBR 9050, da ABNT. Com esta abordagem universal, as calçadas são construídas para serem acessíveis a todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou cognitivas.

 

A calçada do Instituto dos Cegos, no Bairro dos Estados, foi um dos espaços que recebeu a sinalização e o dimensionamento adequados para a circulação segura de qualquer pessoa, incluindo idosos, gestantes, crianças e pessoas com deficiência. “Com a calçada, eu tenho autonomia e segurança para chegar em casa, já que eu moro aqui perto do Instituto dos Cegos”, destaca Maicon Junior.

 

Ellyka Gomes/Secom-JP