Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP
A Prefeitura de João Pessoa promove a inclusão educacional e
a socialização de crianças com espectro autista em projetos realizados em
diferentes secretarias municipais.
Na Tardezinha Inclusiva, crianças e seus familiares
participam de atividades recreativas, mostrando que a arte e a cultura têm um
papel essencial na construção de um mundo mais acolhedor. As escolas da rede
municipal contam com cuidadores e professores do Atendimento Educacional
Especializado (AEE), que auxiliam crianças autistas dentro da sala de aula,
buscando criar um ambiente de acolhimento, respeito e interação com os demais
colegas.
“Os espaços de inclusão precisam dar a oportunidade para que
crianças e adolescentes autistas se expressem, descubram talentos e criem
laços”, ressalta Nik Fernandes, coordenadora e mentora da Tardezinha Inclusiva.
O projeto, realizado pela Fundação Cultural de João Pessoa
(Funjope), Associação Paraibana de Autismo (APA) e Turma Tá Blz, tem como
objetivo colocar na agenda da sociedade pessoense a inclusão social de crianças
com espectro autista. O evento acontece no Centro Cultural de Mangabeira, no
último domingo de cada mês.
Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP
“Para a maioria dessas crianças, o evento representa a
primeira oportunidade de sair de casa e interagir com o mundo de forma
significativa. Antes, muitas delas ficavam cristalizadas dentro de casa, sem
ter a chance de mostrar seu talento e de fazer amigos. Elas encontraram na
Tardezinha Inclusiva um espaço para crescer e se desenvolver”, comenta Nik
Fernandes.
A Tardezinha é um espaço para as crianças brincarem,
correrem, dançarem e cantarem com as atrações musicais. As mães que participam
do projeto se sentem acolhidas, pois estão num espaço seguro em que todas ali
compartilham de experiências parecidas.
“Projetos como a Tardezinha Inclusiva são a chave para a
mudança no cenário de inclusão. Eles não só dão visibilidade ao talento e
potencial dessas crianças, como também mostram que a sociabilidade e a
participação ativa na comunidade são não apenas possíveis, mas necessárias”,
destaca Nik Fernandes.
A Prefeitura de João Pessoa também incentiva a socialização
de crianças autistas nas escolas da rede municipal por meio do Projeto Conhecer
para Incluir, da Divisão de Educação Especial da Secretaria de Educação e
Cultura (Sedec). O Projeto também atende crianças, adolescentes e adultos com
síndromes, cegueira e deficiência intelectual, beneficiando mais de 5,2 mil
alunos.
Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP
“Nossa intenção é incluir esses alunos dentro do contexto de
sala de aula. Então, além de trabalhar o desenvolvimento educacional para cada
um desses CIDs, nós também lidamos com os desafios das atividades da vida
diária desses alunos, como comprometimento para ir ao banheiro, se alimentar,
interação com outros colegas”, explica a professora do Atendimento Educacional
Especializado (AEE) da Sedec, Gilsana Lins da Cruz, que trabalha na Escola
Municipal Nazinha Barbosa, em Manaíra.
Segundo dados da Secretaria de Educação e Cultur, a rede
municipal tem quase 2,8 mil alunos autistas matriculados em Centros Municipais
de Ensino Infantil (CMEIs) e escolas de ensino fundamental. Essas crianças
contam com o auxílio de cuidadores, que trabalham para garantir o conforto e a
segurança em sala de aula.
Um desses profissionais é Ivson de Aquino Costa, que também
trabalha na Escola Municipal Nazinha Barbosa. Ele já tinha feito cursos na área
de educação inclusiva antes de se tornar cuidador no Projeto Conhecer para
Incluir. E, após ser classificado no processo seletivo para atuar na vaga da
rede municipal, ele também passou por uma capacitação oferecida pela Secretaria
de Educação e Cultura.
“Nosso trabalho vai desde a acolhida até a saída do aluno da
escola. Ao recebê-los, a gente presta atenção como está o humor dele naquele
dia, se ele chegou alegre, triste, mais introspectivo, entusiasmado. Na sala de
aula, nosso papel é tentar auxiliar o aluno a manter o foco nas atividades
educacionais. Também ajudamos na locomoção pela escola, na alimentação, na ida
ao banheiro, na higienização e, claro, na socialização com os demais alunos”,
conta Ivson de Aquino.
Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP
Atendimento especializado
O Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas
com Deficiência (CRMIPD), coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde, também
oferece atendimento especializado para crianças e adolescentes autistas.
Ao chegar lá, a criança ou o adolescente passa por uma
triagem multiprofissional de avaliação e é encaminhado para os serviços
especializados. A equipe multidisciplinar do Centro de Referência realiza
atendimentos nas mais diversas áreas, como Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia,
Arteterapia, Educação Física, Psicopedagogia, Ortopedia, Neuropediatria,
Psiquiatria e Assistência Social.
Segundo a coordenadora de Saúde do CRMIPD, Nadja Nubia
Marques Serrano, o espaço tem 532 usuários cadastrados e realiza, em média, 2 mil
atendimentos por mês. São oferecidas três refeições diárias para os usuários e
seus responsáveis.
“O Centro de Referência foi totalmente reformado e adaptado
para receber essa comunidade. Cada usuário tem seu horário fixo e programado
para que o mesmo venha em um único turno, sendo uma vez por semana os seus
atendimentos”, conta Nadja Serrano. “É também por meio do Centro de Referência
que essas crianças e adolescentes são encaminhados para escolas municipais,
estaduais e particulares, bem como para outras unidades da rede municipal e
estadual, como Caps I, Funad, PSFs”, acrescenta.
Ellyka Gomes/Secom-JP